Mundo

Trump se declara 'muito confiante' em negociações sobre o futuro de Gaza ao receber Netanyahu

Reunião acontece após uma semana em que o isolamento internacional de Israel se aprofundou, à medida que o Reino Unido, a França e outros países europeus anunciaram que reconheceriam um Estado palestino

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 29 de setembro de 2025 às 15h16.

Última atualização em 29 de setembro de 2025 às 15h53.

Tudo sobreIsrael
Saiba mais

O presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se reúnem nesta segunda-feira na Casa Branca para discutir os últimos planos apoiados pelos Estados Unidos para Gaza no pós-guerra, que eles esperam que possam levar à resolução do conflito de quase dois anos. Será o quarto encontro em Washington desde que Trump retornou ao poder em janeiro. Cada encontro gerou brevemente a esperança de um cessar-fogo, mas os combates em Gaza se arrastaram, matando dezenas de milhares de palestinos.

Desta vez, eles se reúnem em meio a esforços internacionais para desenvolver propostas concretas para governar Gaza após o fim da guerra.

— Estou, estou muito confiante — disse Trump a repórteres ao receber o premier israelense.

A proposta dos EUA prevê a libertação de todos os 48 reféns israelenses em até 48 horas, vivos ou mortos, a exclusão do Hamas do governo da Faixa de Gaza, a criação de um governo de transição até que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) assuma o controle, a proibição de deslocamentos forçados da população local e a garantia de que Israel não atacará o Catar novamente, segundo informações obtidas pela rede americana CNN sobre o documento de 21 pontos. Também prevê que membros do Hamas que se comprometerem com a coexistência pacífica com Israel receberão anistia, e aqueles que desejarem sair terão garantida a passagem segura para fora de Gaza, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.

O plano de um órgão internacional de transição parece se basear na proposta do ex-premier britânico Tony Blair. De acordo com reportagens publicadas pela revista The Economist e por veículos israelenses, esse órgão proposto por Blair seria chamado Autoridade Internacional de Transição de Gaza (Gita, na sigla em inglês). O grupo buscaria um mandato da ONU para atuar como "autoridade política e jurídica suprema" do território por cinco anos. O órgão seria liderado por Blair, com respaldo da ONU e de países do Golfo.

As discussões sobre o possível papel da ANP em Gaza surgem depois de seu presidente, Mahmoud Abbas, ter declarado na quinta-feira que está disposto a trabalhar com Trump e outros líderes mundiais para implementar um plano de paz com base no reconhecimento do Estado palestino.

O Hamas, entretanto, afirmou no domingo que ainda não recebeu formalmente uma cópia da mais recente proposta de cessar-fogo. Mas as demandas fundamentais das partes provavelmente estão em rota de colisão, já que o Hamas se recusou a depor suas armas e rejeitou a ideia de qualquer força internacional controlando Gaza.

— Em relação a esse plano, ninguém nos contatou, nem participamos das negociações em torno dele — disse Taher al-Nounou, um alto funcionário do Hamas, em uma entrevista na televisão, citado pelo New York Times, acrescentando que o grupo não concordaria com a desmilitarização, como Israel exigiu.

As negociações estão paralisadas desde que Israel bombardeou o Catar, em 9 de setembro, em uma tentativa frustrada de assassinar um grupo de autoridades do Hamas — um ataque que irritou autoridades americanas.

Segundo fontes diplomáticas, Netanyahu pediu desculpas ao primeiro-ministro do Catar nesta segunda-feira pelos ataques aéreos, durante um telefonema feito na Casa Branca. Netanyahu lamentou a violação da soberania do Catar e a morte de um segurança catari nos ataques, disse a fonte à AFP sob condição de anonimato. A Casa Branca confirmou a informação posteriormente e afirmou que Israel não atacará o país do Golfo novamente.

De acordo com a rede britânica BBC, Trump também conversou com o emir do país, Sheikh Tamim bin Hamad al-Thani, antes do encontro

Pressão internacional

A reunião entre Trump e Netanyahu acontece após uma semana em que o isolamento internacional de Israel se aprofundou, à medida que o Reino Unido, a França e outros países europeus anunciaram que reconheceriam um Estado palestino, apesar das objeções israelenses.

Com o prolongar da guerra em Gaza por quase dois anos, atores internacionais tentam pressionar por um cessar-fogo, e cada vez mais vozes criticam abertamente o governo israelense por adotar uma abordagem linha-dura militar, com pouco espaço para uma solução política.

Logo depois de fazer o ultimato pela libertação dos reféns em seu discurso na Assembleia Geral na ONU na sexta-feira, Netanyahu afirmou que "a guerra poderia terminar agora mesmo" se o Hamas concordasse com as exigências israelenses, que ele delineou brevemente: Gaza deveria ser desmilitarizada, Israel manteria o controle de segurança e uma autoridade civil pacífica seria estabelecida pelos palestinos e "outros comprometidos com a paz".

No domingo, Netanyahu disse esperar que Israel "pudesse implementar" a proposta de Trump.

— Estamos trabalhando nisso; ainda não foi finalizado — disse ele em entrevista à Fox News.

Ele sugeriu que Israel estaria disposto a conceder anistia aos membros do Hamas se eles encerrassem a guerra e libertassem os reféns restantes que foram sequestrados em Gaza em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas liderou um ataque surpresa contra Israel que matou cerca de 1,2 mil pessoas e fez centenas serem capturadas.

O contra-ataque israelense em Gaza já matou mais de 65 mil pessoas, incluindo milhares de crianças, segundo autoridades de saúde de Gaza. A contagem não faz distinção entre civis e combatentes.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)HamasDonald TrumpIsraelBenjamin Netanyahu

Mais de Mundo

‘Hamas sentiu o nosso poder, atacamos Gaza com 153 toneladas de bombas’, afirma Netanyahu

Presidente eleito da Bolívia afirma que vai retomar relações com os EUA após quase 20 anos

Cidadania espanhola 'facilitada' acaba nesta quarta-feira; saiba o que muda na Lei dos Netos

Número de mortos por inundações e deslizamentos no México chega a 76