Donald Trump: Ex-funcionário "não tem nada a ver comigo nem com a minha Presidência", disse (Carlos Barria/Reuters)
AFP
Publicado em 4 de janeiro de 2018 às 11h30.
Última atualização em 4 de janeiro de 2018 às 14h26.
O presidente americano, Donald Trump, rompeu publicamente nesta quarta-feira (3), e de forma chamativa, com seu polêmico ex-chefe de Estratégia na Casa Branca, Steve Bannon, a quem acusou de ter perdido a razão.
Momentos depois da divulgação de trechos de um explosivo livro no qual Bannon critica pessoas próximas e familiares do presidente, Trump emitiu uma nota para afirmar que o ex-funcionário "não tem nada a ver comigo nem com a minha Presidência".
"Quando foi despedido (da Casa Branca), não só perdeu seu trabalho, mas também perdeu a razão", afirmou o presidente.
Trump acusou seu ex-chefe de Estratégia de vazar informações falsas quando estava na Casa Branca para aparentar ser mais importante do que realmente era, de não ter feito contribuições importantes à vitória eleitoral e até do fracasso em uma eleição local no Alabama.
Em sua nota oficial, Trump disse que Bannon "raramente teve reuniões individuais comigo e somente aparenta ter influência junto a pessoas que não têm nem acesso, nem informação".
Além disso, apontou que "finge estar em guerra com meios de imprensa, aos quais chama de 'partido da oposição', mas passou seu tempo na Casa Branca vazando informação falsa à imprensa para parecer ser mais importante do que é".
"É o único que faz bem", acrescentou.
A irritada reação da Casa Branca com o antigo confidente de Trump é uma resposta às declarações de Bannon no livro "Fire and Fury: Inside the Trump White House", de Michael Wolff.
De acordo com a imprensa americana, um advogado do Trump, Charles Harder, enviou uma notificação por escrito a Steve Bannon, acusando-o de violar um acordo de confidencialidade e "por difamar Trump e membros de sua família".
A porta-voz da Presidência, Sarah Sanders, disse que o livro "só pode ser descrito como ficção de tabloide lixo, por pessoas tristes que buscam desesperadamente ter alguma relevância".
Em seu depoimento para o livro, Bannon investe sem piedade contra pessoas próximas ao presidente, como seu filho Donald Trump Jr, seu genro Jared Kushner e seu ex-chefe de campanha Paul Manafort.
Bannon afirma, por exemplo, que uma reunião mantida por Trump Jr, Kushner e Manafort com uma advogada russa em junho de 2016, em plena campanha eleitoral, foi uma "traição".
"Ainda que alguém pensasse que isso não é traição, que tampouco é antipatriótico, ou que simplesmente é uma merda - e eu acho que foram as três coisas -, alguém deveria avisar o FBI imediatamente", disse Bannon segundo trechos adiantados do livro.
Também afirmou que os três eram responsáveis por colocar em risco a Presidência de Trump por atrair a curiosidade dos agentes do FBI, não por seus contatos com funcionários russos, mas por seus negócios obscuros.
"O caminho para ferrar Trump passa por Paul Manafort, Donald Jr e Jared Kushner. É tão claro quanto um cabelo no rosto. Passa pelo Deutsche Bank e toda a merda de Kushner. Toda essa merda de Kushner é suja", declarou.
Uma equipe do FBI, conduzida pelo procurador especial Robert Mueller, investiga o eventual conluio entre o comitê de campanha de Trump e funcionários russos durante a eleição presidencial de 2016, e já apresentou acusações contra Manafort por falso testemunho e lavagem de dinheiro.
Bannon ganhou notoriedade como editor de um site de ultradireita e é considerado próximo aos supremacistas brancos americanos.
Tornou-se assessor de Trump em 2016 e depois das eleições ocupou um cargo-chave no governo, o de chefe de Estratégia, até sua renúncia em agosto de 2017.
Desde que deixou a Casa Branca, Bannon se dedica a apoiar os candidatos mais à direita do Partido Republicano e nunca escondeu certo distanciamento pessoal do presidente Trump.