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Trump renova pedido de demissão de Lisa Cook, diretora do Fed

A renovação acontece dias antes da reunião do banco central americano sobre a taxa de juros; expectativa é de corte de 0,25 pp

Lisa Cook, diretora do Fed: é a primeira vez, em 112 anos de história do Fed, que um presidente tenta remover um membro do Conselho de Governadores (Drew Angerer/Getty Images)

Lisa Cook, diretora do Fed: é a primeira vez, em 112 anos de história do Fed, que um presidente tenta remover um membro do Conselho de Governadores (Drew Angerer/Getty Images)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 14 de setembro de 2025 às 18h19.

Última atualização em 14 de setembro de 2025 às 18h33.

A Casa Branca renovou neste domingo, 14, o pedido para demitir Lisa Cook, diretora do Federal Reserve (Fed), poucos dias antes da decisão do banco central americano sobre a taxa de juros.

A ação foi apresentada ao Tribunal de Apelações do Distrito de Columbia, horas antes do prazo final. No documento, o governo Trump afirma que Lisa Cook deve ser destituída “por justa causa” — argumento que, segundo a defesa da diretora, não se sustenta juridicamente e pode representar risco à estabilidade econômica do país.

Essa é a primeira vez, em 112 anos de história do Fed, que um presidente tenta remover um membro do Conselho de Governadores antes do fim do mandato.

Trump acusa de fraude hipotecária

Trump baseia a decisão em uma denúncia apresentada por Bill Pulte, aliado político e integrante da agência reguladora de hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac. Segundo ele, Cook teria indicado dois imóveis como residência principal em documentos separados, o que caracterizaria fraude hipotecária.

Mas os registros obtidos pela imprensa mostram contradições na acusação: em um formulário de financiamento, Cook descreve um dos imóveis como “casa de férias”; em outro, usado para liberação de acesso de segurança, ela o chama de “segunda residência”. O Departamento de Justiça investiga o caso.

Primeiro pedido de demissão foi em agosto

Cook entrou com uma ação para impedir sua demissão, e na terça-feira, 9, um tribunal federal decidiu a seu favor, suspendendo os efeitos da carta de demissão enviada por Trump em 25 de agosto. A decisão da juíza Jia M. Cobb obriga o Fed a manter Cook em pleno exercício do cargo até que o processo seja encerrado.

A ordem também impede o presidente do Fed, Jerome Powell, e o Conselho de Diretores de restringirem os benefícios ou o acesso de Cook às suas funções no banco.

Mesmo com a derrota, o governo apelou da decisão e pediu urgência na análise do caso, já que a reunião do Fed ocorre nesta quarta-feira, 17. O mercado espera um corte de 0,25 ponto percentual nos juros.

Sinal de alerta

Lisa Cook foi indicada durante o governo Biden e é a primeira mulher negra a ocupar um assento no conselho do Fed. A possível demissão levanta temores de que o Executivo esteja tentando influenciar diretamente a política monetária americana.

No pedido enviado à Justiça, os advogados de Trump afirmam que “o público e o Executivo compartilham o interesse em garantir a integridade do Federal Reserve”. Mas especialistas jurídicos alertam que a demissão política de dirigentes do Fed pode comprometer a autonomia da instituição.

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