Donald Trump: ex-presidente dos EUA fez uma aparição pública nesta terça-feira, 26. (The Washington Post/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de julho de 2022 às 06h25.
O ex-presidente americano Donald Trump reapareceu em Washington nesta terça-feira, 26, pela primeira vez desde que deixou o poder em 2021 e o fez com uma forte crítica à situação do país sob o mandato de seu sucessor, o democrata Joe Biden. “Nosso país foi colocado de joelhos, literalmente de joelhos. Quem teria pensado? (...) Nunca tivemos nada parecido com o que está acontecendo agora”, disse ele em um evento do America First Policy Institute, um centro de estudos dirigido por seus aliados.
Em um discurso focado na segurança e na necessidade de retomar o controle, mas sem falar sobre suas intenções para as eleições presidenciais de 2024, Trump afirmou que um novo mandato republicano reverteria a situação atual.
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“Nesse novembro, o povo votará (nas eleições de meio de mandato) para impedir a destruição de nosso país e votará para resgatar o futuro dos EUA. Estou aqui para começar a falar sobre o que devemos fazer para alcançar esse futuro quando tivermos uma vitória triunfante em 2022 e quando um presidente republicano conseguir a Casa Branca de volta em 2024, o que eu realmente acho que acontecerá”, disse ele.
Foi a primeira vez que ele discursou na capital americana desde sua controvertida saída da Casa Branca em 2021, sob a sombra do caos causado pela invasão do Capitólio.
O America First Policy Institute é uma das várias organizações aliadas de Trump que continuaram a pressionar suas políticas em sua ausência, incluindo a America First Legal, dedicada a combater a agenda de Biden por meio do sistema judicial, o Center for Renewing América e o Instituto de Parceria Conservadora.
Seu discurso aconteceu horas depois do término de uma série de audiências públicas da comissão da Câmara dos Deputados, que investiga o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Seus membros insistem na responsabilidade de Trump no episódio. O empresário republicano afirma, sem provas, que houve fraude nas eleições de 2020, marcadas pela vitória de Biden.
Mike Pence, que foi vice-presidente de Trump, falou aos jovens conservadores na manhã desta terça-feira em Washington, pedindo-os que “olhem para o futuro”. “É absolutamente essencial em um momento em que tantas famílias americanas estão sofrendo, que não cedamos à tentação de olhar para trás”, disse Pence, admitindo que “não está de acordo com as prioridades” de Trump.
Pence defendeu repetidamente suas ações naquele dia, mesmo quando sua decisão de enfrentar seu chefe virou grande parte da base leal de Trump contra ele.
Sem insistir no assunto, o ex-número dois da Casa Branca, que também tem ambições presidenciais, descreveu o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 como um “dia trágico”. Em seus comentários, ele repetidamente elogiou a “administração Trump-Pence”, mas ressaltou que os dois “diferem em questões”.
As audiências da comissão parlamentar de investigação, que revelaram a estrutura do ataque e as tentativas do ex-presidente de reverter o resultado das eleições para se manter no poder, parecem ter prejudicado Trump. Na segunda-feira, Biden, que no início de sua presidência tentou evitar citar o nome de seu antecessor, criticou sua inação no ataque ao Capitólio.
Enquanto Trump observava o que acontecia do “conforto” da Casa Branca, “corajosos policiais viveram um inferno digno da Idade Média (...) diante de uma multidão enfurecida que acreditava nas mentiras do presidente derrotado”, denunciou Biden.
Trump, de 76 anos, mantém um lugar central nas fileiras republicanas com um núcleo de apoiadores leais, o que o colocaria na primeira posição, caso decida se candidatar à presidência. As críticas afetaram sua imagem, porém, permitindo que adversários como o governador da Flórida, Ron DeSantis, ganhassem terreno.
Cerca de metade dos eleitores republicanos que votam nas primárias prefeririam outro candidato a Trump, de acordo com uma pesquisa recente do jornal The New York Times e da Siena College.
Na semana passada, Wall Street Journal e New York Post, de propriedade da influente família Murdoch, publicaram editoriais criticando o comportamento de Trump em 6 de janeiro de 2021. Em um texto incomumente crítico, o New York Post afirmou que o bilionário se mostrou “indigno” de voltar à Casa Branca.