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Trump provoca tensões globais ao ordenar retomada dos testes nucleares

Declaração eleva tensão com Rússia, China e provoca repúdio do Irã e de grupos de sobreviventes

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 08h55.

Pela primeira vez desde 1992, os Estados Unidos voltarão a realizar testes com armas nucleares. A ordem partiu do presidente Donald Trump, e, nesta sexta-feira, 31, a decisão causou tensões em governos estrangeiros, organismos internacionais e grupos de sobreviventes de ataques atômicos.

O anúncio foi feito um dia após Trump se reunir com o presidente da China, Xi Jinping, na Coreia do Sul, durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec). Segundo o presidente americano, a decisão responde ao avanço de programas militares da Rússia e visa garantir uma “dissuasão nuclear credível”.

O chefe do Pentágono, Peter Hegseth, classificou a medida como “responsável”. Já o vice-presidente, J.D. Vance, disse que os testes são necessários para assegurar que o arsenal dos EUA “funcione corretamente”.

Resposta internacional

O governo iraniano afirmou que a medida é “irresponsável” e representa “uma ameaça à paz e à segurança internacionais”. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, chamou Trump de “bandido armado com armas nucleares” e disse que os EUA demonizam o programa nuclear pacífico iraniano.

Na Ásia, o grupo japonês Nihon Hidankyo — formado por sobreviventes dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki — declarou que a decisão “contradiz os esforços globais por um mundo sem armas nucleares” e é “totalmente inaceitável”.

A China pediu que os Estados Unidos respeitem o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, assinado por Washington em 1996. Um porta-voz da ONU alertou que qualquer teste pode gerar “erros de cálculo e consequências catastróficas”.

Corrida armamentista

A decisão ocorre após Vladimir Putin anunciar novos testes de mísseis com capacidade nuclear. No domingo, o presidente russo comemorou o sucesso do míssil de cruzeiro Burevestnik, com “alcance ilimitado”, e na quarta-feira apresentou o drone submarino Poseidon, que também pode ser armado com ogivas nucleares.

Moscou afirmou que os ensaios envolvem apenas sistemas de transporte, não bombas nucleares. Ainda assim, Trump declarou que os EUA precisam “igualar as condições” diante dos avanços russos.

Apesar das declarações, Washington continua vinculado ao tratado Novo START, que limita ogivas nucleares a 1.550 unidades por país. O acordo expira em fevereiro do próximo ano, e a Rússia propôs uma extensão de um ano — sem retomar as inspeções, suspensas desde 2023.

Disputa por supremacia

Trump afirmou que os EUA têm o maior arsenal nuclear do mundo e defendeu a “atualização completa” das armas existentes. Dados do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri), no entanto, mostram que a Rússia mantém 4.309 ogivas nucleares, contra 3.700 dos Estados Unidos e 600 da China.

O presidente americano não especificou se os novos testes envolvem ogivas ou sistemas de lançamento. Qualquer ensaio com explosivos nucleares, porém, violaria o tratado internacional assinado pelos EUA.

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