Redator na Exame
Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 07h00.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2025 às 08h42.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (4) um plano controverso para a Faixa de Gaza, propondo que os EUA assumam o controle do território devastado pela guerra, removam sua população palestina e transformem a área em uma espécie de "Riviera" no Oriente Médio.
O projeto inclui a demolição dos escombros, a neutralização de bombas não detonadas e a criação de um polo econômico para atrair investimentos e turistas.
"A América tomará conta da Faixa de Gaza. Possuiremos e reconstruiremos a região, eliminando os destroços e transformando-a em um lugar seguro e próspero", afirmou Trump em coletiva na Casa Branca ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. O presidente também sugeriu a possibilidade de enviar tropas americanas para garantir a estabilidade no território e reforçou que o objetivo seria um "projeto de longo prazo".
A proposta de Trump foi imediatamente rejeitada por países do Oriente Médio e por líderes palestinos. Arábia Saudita, Egito, Jordânia, Catar, Emirados Árabes Unidos e a Liga Árabe condenaram a ideia, reforçando o direito dos palestinos à autodeterminação e à criação de um Estado independente.
"Rejeitamos qualquer tentativa de deslocamento forçado da população palestina e reforçamos que qualquer solução para a Faixa de Gaza deve respeitar os direitos legítimos do povo palestino", declarou o governo saudita, que vinha mantendo conversas sobre uma possível normalização das relações com Israel.
Nos Estados Unidos, a proposta também gerou fortes críticas. O senador democrata Chris Van Hollen, membro do Comitê de Relações Exteriores, classificou a ideia de Trump como "limpeza étnica com outro nome", alertando para os riscos de uma nova escalada de violência no Oriente Médio.
A Autoridade Palestina, por sua vez, enfatizou que os palestinos não aceitarão ser expulsos de suas terras e acusou Trump de agir como um "incorporador imobiliário" em vez de um líder global comprometido com a paz. "Gaza não é um pedaço de terra vazio para ser negociado", declarou um porta-voz do governo palestino.
Enquanto Trump enfrentava uma onda de rejeição internacional, Netanyahuelogiou a proposta do presidente americano e a classificou como "uma ideia revolucionária que pode mudar a história".
"Estamos falando sobre isso. Trump está explorando essa possibilidade com sua equipe. Acho que vale a pena seguir esse caminho", afirmou Netanyahu.
No entanto, a reação da Arábia Saudita foi clara e imediata. O reino reafirmou que não reconhecerá Israel oficialmente sem o estabelecimento de um Estado palestino, frustrando os planos de Trump e Netanyahu de avançar com um acordo de normalização das relações entre os dois países.
Atualmente, a Faixa de Gaza enfrenta uma das piores crises humanitárias da história recente. A guerra entre Israel e o Hamas deixou mais de 47.000 mortos e destruiu grande parte da infraestrutura da região. Cerca de 2 milhões de palestinos vivem no território sob condições extremas, com acesso limitado a água potável, eletricidade e assistência médica.
Um cessar-fogo temporário foi acordado recentemente, permitindo trocas de reféns e prisioneiros e a entrada de ajuda humanitária. Israelenses e palestinos já realizaram trocas de reféns por detentos palestinos, enquanto as negociações de paz continuam sob mediação internacional.
Apesar da promessa de Trump de acabar com o conflito, a realidade no terreno mostra que a paz ainda está distante. Netanyahu mantém seu compromisso de destruir completamente o Hamas, e seus apoiadores pedem a retomada da guerra, vendo o cessar-fogo como um obstáculo para uma "vitória total".
Enquanto isso, a proposta de Trump de transformar Gaza em um resort de luxo esbarra na falta de apoio internacional e na resistência dos palestinos, que se recusam a abandonar suas terras. O presidente americano, porém, segue confiante de que seu plano pode encontrar aliados.
"Há muitas nações com corações humanitários que apoiam essa ideia", declarou Trump, sem citar nomes. A única exceção mencionada foi a Arábia Saudita, que, pouco depois, reafirmou sua oposição à proposta.