Redator na Exame
Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 09h49.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retomou a ideia de impor tarifas contra a China, falando que é possível que uma taxa de 10% sobre os produtos do país asiático seja aplicada já no mês que vem.
O mercado chinês não recebeu bem o anúncio e sofreu algumas quedas. O índice CSI 300, que reúne as 300 principais ações das bolsas de Xangai e Shenzen, fechou em queda de 0,9%, quebrando uma sequência de quatro dias de alta.
Já o Índice Hang Seng China Enterprises, que monitora as ações continentais listadas em Hong Kong, caiu 2%. Do lado monetário, o yuan recuou pelo menos 0,2% em relação ao dólar.
Desde o ano passado, Trump já havia dito que pretendia impor tarifas sobre a China após ser empossado, que aconteceu na segunda, 20 de janeiro. Anteriormente, o presidente havia sinalizado uma taxação de 60%.
Dessa vez, Trump disse que a tarifa de 10% estaria sendo cogitada porque a China estaria “enviando fentanil para o México e o Canadá". Essa fala faz parte de um cenário tarifário muito maior, que faz parte da política protecionista de Trump.
Dentro disso, o político pretende aplicar outra tarifa, mas de 25%, sobre as importações do México e do Canadá exigindo que ambos os países reforcem suas fronteiras para impedir a passagem de imigrantes e drogas, em especial o fentanil.
Apesar do posicionamento de Trump, o novo presidente não comentou sobre as tarifas contra a China durante sua posse, o que não ocorreu para o Canadá e México. Esse momento trouxe certo otimismo para o mercado, mas as novas falas puxam esse sentimento de volta, causando uma incerteza sobre o futuro das relações entre EUA e China.
Xin Yao Ng, diretor de investimentos da abrdn em Cingapura, afirmou à Bloomberg que o cenário só deve ficar mais difícil daqui para frente.
"É um lembrete de que Trump fará algo, porque o primeiro dia pode ter dado a alguns a falsa impressão de que ele não faria. Tarifas mais graduais também podem atrasar ou reduzir a força do estímulo que o mercado deseja", complementa.
Apesar disso, Xi Jinping, presidente da China, conversou por ligação com Trump antes de sua posse e o novo presidente afirmou que o diálogo foi “muito bom”, o que pode ser um sinal de uma melhor conjuntura entre os dois países.
Mesmo assim, o cenário permanece incerto e as expectativas de uma maior volatilidade nos próximos quatro anos têm impactado negativamente as ações chinesas. Dentro disso, o Índice MSCI China entrou em “bear market” este mês, após o mercado da China perder os ganhos obtidos em setembro, após um momento de alta impulsionado por estímulos.
Já uma pesquisa do Bank of America (BOFA), realizada com gestores de fundos, mostra que a visão sobre a China vem se deteriorando para os investidores. Dentro dela, apenas 10% dos entrevistados esperam que a economia chinesa apresenta crescimento. A mesma pesquisa de outubro mostrou que 61% dos entrevistados esperavam esse fortalecimento chinês.