Imigrantes presos na fronteira dos EUA em Ruby, Arizona, em 4 de janeiro (Brandon Bell/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 19 de janeiro de 2025 às 09h00.
O combate à imigração irregular é a principal bandeira eleitoral de Donald Trump há quase dez anos. Na eleição de 2024, ele endureceu o discurso e prometeu deportar milhões de estrangeiros.
O Departamento de Segurança Interna estima que haja entre 11 e 13 milhões de imigrantes sem documentos no país. Trump e seus aliados falam em acelerar as expulsões e mandar milhões de pessoas embora.
Grandes números nessa área, no entanto, não são novidade. Trump enviou 1,5 milhão de estrangeiros de volta a seus países em seu primeiro mandato, menos do que o ex-presidente democrata Barack Obama. No primeiro governo do democrata (2009-2012), foram expulsas 2,9 milhões de pessoas, sem alarde.
A diferença agora é que Trump deverá promover ações espalhafatosas nas primeiras semanas no cargo, como blitzes em empresas para prender funcionários sem documentos. O governo deverá priorizar estrangeiros com antecedentes criminais e que estejam já na reta final do processo de deportação, sem possibilidade de recursos.
"Mesmo que o asilo seja negado, a deportação precisa ser aprovada por um juiz. Os processos de imigração nos Estados Unidos demoram anos porque faltam funcionários. Isso é difícil de resolver porque pouca gente quer trabalhar nessas funções", diz o advogado de imigração brasileiro Gustavo Nicolau, que trabalha na Flórida.
Outras possibilidades de Trump são ampliar o uso de expulsões aceleradas, em que agentes comuns têm poder para determinar a retirada do país sem o devido processo legal, desde que a apreensão seja feita na região das fronteiras ou em até duas semanas após a entrada do imigrante ilegal no país.
O presidente tem ainda poder para derrubar medidas de Biden, como a de exceções dadas a imigrantes do Afeganistão, Haiti e Venezuela, e de reorientar o trabalho de agências federais, para reduzir a concessão de permissões de emergência.
Por outro lado, Trump dependerá de ajuda das polícias locais para ajudar a encontrar e prender os imigrantes. De modo geral, lugares sob comando republicano tendem a apoiar estas medidas, enquanto cidades e estados governados por democratas, como Nova York e Califórnia, são mais brandas na fiscalização de estrangeiros sem documentos.
Além disso, deportar custa caro. Um estudo do American Immigration Council, uma ONG de defesa dos imigrantes, avalia que deportar 13 milhões de pessoas custaria 968 bilhões de dólares, ao longo de uma década. Assim, embora Trump possa mudar regras, ele vai precisar que o Congresso libere verbas extras para que as ações sejam aceleradas.