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Trump poderia apelar para 5ª emenda em investigação sobre eleições nos EUA

O processo investiga a interferência da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016

Presidente americano, Donald Trump (Kevin Lamarque/Reuters)

Presidente americano, Donald Trump (Kevin Lamarque/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de maio de 2018 às 13h01.

Washington- Rudy Giuliani, novo integrante da equipe de advogados do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não descarta a possibilidade do presidente apelar para a Quinta Emenda da Constituição, que o protege contra autoincriminação, no processo que investiga a interferência da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016. "Como eu poderia ter certeza disso?" afirmou o ex-prefeito de Nova York neste domingo ao "This Week", programa da rede ABC.

Giuliani afirmou que apesar da disposição de Trump em se sentar com o conselheiro especial Robert Mueller, ele irá aconselhá-lo a não fazê-lo. "Não vou levá-lo a um processo de perjúrio como Martha Stewart?", disse Giuliani. Stewart foi condenada em 2004 por mentir para investigadores e obstrução da justiça em um processo sobre informação privilegiada (insider trading).

Giuliani sugeriu que Trump não necessariamente atenderia a intimação de Mueller, mas não descartou a possibilidade do presidente se sentar para uma conversa com o conselheiro. "Ele é o presidente dos Estados Unidos", disse Giuliani. "Podemos solicitar os mesmos privilégios que outros presidentes tiveram".

Uma briga de intimações poderia chegar até a Suprema Corte, que nunca decidiu com convicção se presidentes dos Estados Unidos podem ser intimados a depor.

Durante o Watergate, o Tribunal determinou que o presidente Richard Nixon entregasse provas materiais, gravações e documentos, mas não exigiu depoimento. Já o presidente Bill Clinton se sentou voluntariamente com o promotor independente Ken Starr em processo que investigava seu relacionamento com a ex-estagiária da Casa Branca, Monica Lewinsky, evitando a questão constitucional.

A recente entrevista de Giuliani acontece dias após declarações conflitantes sobre as investigações envolvendo o presidente.

Caso Stormy Daniels

Giuliani, que foi contratado por Trump no mês passado, disse que ainda está tomando conhecimento dos fatos da investigação de Mueller e se Trump sabia sobre o pagamento de US$ 130 mil pelo silêncio da atriz pornô Stephanie Clifford, conhecida como Stormy Daniels. Ela afirma ter tido um caso amoroso com Trump em 2006. O pagamento foi feito pelo advogado pessoal de Trump, Michael Cohen, dias antes das eleições de 2016.

Atualmente, Cohen é investigado pela Procuradoria de Manhattan por possível fraude bancária e violação de financiamento de campanha. Em abril, agentes do FBI fizeram uma batida em propriedades ligadas a Cohen e colheram materiais relacionados ao pagamento à atriz pornô.

No mês passado, quando perguntado se sabia sobre o pagamento, Trump afirmou que não. Na quarta-feira (02), porém, Giuliani revelou que Trump havia reembolsado Cohen pelo pagamento.

Inicialmente Giuliani disse que deixou Trump ciente sobre o pagamento pouco antes de ingressar em sua equipe de advogados, mas agora diz não saber quando Trump foi informado. O presidente norte-americano afirmou ontem que Giuliani precisava "alinhar suas informações", mas insistiu que não está mudando sua versão dos fatos.

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