Trump quer impor tarifas sobre medicamentos importados (Mandel Ngan/AFP)
Redatora
Publicado em 2 de setembro de 2025 às 05h13.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou planos de impor tarifas 'pesadas' sobre medicamentos importados, incluindo produtos farmacêuticos que entravam no país sem impostos, conforme informou o U.S. News & World Report nesta segunda-feira, 1º. A medida faz parte de uma estratégia mais ampla de tarifas sobre importações de diversos setores, incluindo automóveis, aço e alumínio.
Especialistas alertam que a imposição das taxas pode aumentar o preço de medicamentos, reduzir a oferta e afetar principalmente consumidores de baixa renda e idosos. Atualmente, os medicamentos genéricos representam 92% das vendas em farmácias de varejo e de encomenda nos EUA.
O governo americano detalhou recentemente um acordo comercial com a União Europeia que estabelece uma tarifa de 15% sobre alguns produtos importados, incluindo medicamentos.
Trump, entretanto, ameaça aplicar impostos de até 200% sobre medicamentos oriundos de outros países. Para permitir adaptação, ele sugeriu um adiamento de um a um ano e meio, período em que empresas poderiam estocar produtos ou transferir a fabricação para os EUA.
Especialistas ouvidos pelo U.S. News & World Report indicam que mesmo tarifas menores, como 25%, podem aumentar gradualmente os preços dos medicamentos entre 10% e 14% à medida que os estoques se esgotarem.
A mudança também visa incentivar a produção nacional. Empresas farmacêuticas de grande porte já planejam investimentos nos EUA: a Roche anunciou US$ 50 bilhões e a Johnson & Johnson US$ 55 bilhões em expansão de operações locais nos próximos anos.
Contudo, construir fábricas nos EUA é caro e não garante proteção total contra tarifas, já que muitos medicamentos ainda dependem de ingredientes importados.
Analistas avaliam que fabricantes de medicamentos genéricos podem enfrentar maior risco, podendo até deixar o mercado americano devido às tarifas, o que afetaria a disponibilidade de medicamentos essenciais.
“Em um mundo ideal, estaríamos produzindo tudo o que é importante apenas nos EUA, mas custa muito dinheiro. Descentralizamos grande parte de nossas cadeias de suprimentos porque queremos medicamentos baratos. Se quisermos reverter isso, teremos que reformular todo o sistema", falou Marta Wosińska, analista de políticas de saúde da Brookings Institution, ao U.S. News & World Report.