G8 com a Rússia: país foi expulso do grupo dos países mais ricos do mundo em 2014, após anexar a Crimeia, na Ucrânia (Stefan Rousseau - WPA Pool/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 27 de julho de 2020 às 11h43.
Última atualização em 27 de julho de 2020 às 17h51.
O presidente americano, Donald Trump, defende publicamente que a Rússia volte ao G7, o grupo que reúne sete países entre os mais poderosos do mundo e do qual foi expulsa em 2014. Um porta-voz da Alemanha, contudo, afirma que o país negou o pedido de antemão.
A Rússia foi expulsa depois de o presidente Vladimir Putin ordenar a anexação da Crimeia, região que pertencia à Ucrânia e fica na fronteira entre os dois países. Até hoje, há disputas entre militares e milícias russas e ucranianas na região, que passou a pertencer ao território russo desde então.
O caso gerou controvérsias com a União Europeia na ocasião e com o então governo dos Estados Unidos, do presidente Barack Obama.
Segundo a Reuters, o secretário de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, disse ao jornal alemão Rheinische Post que não há perspectiva de readmitir a Rússia até que a situação na Crimeia seja resolvida. "A razão da exclusão da Rússia foi a anexação da Crimeia e a intervenção no leste da Ucrânia", disse Maas. "Enquanto não houver uma solução lá, não há chance disso acontecer [a volta da Rússia ao G7]".
Em entrevista à Fox em junho, Trump disse que "não é uma questão de o que ele fez", mas de "senso comum", referindo-se ao presidente russo, Vladimir Putin. Segundo Trump, muitas das decisões tomadas pelo G7 envolvem Putin e a Rússia.
"[...] Então nós apenas sentamos lá desperdiçando tempo porque você tem de terminar a reunião e alguém tem de ligar para o Putin ou lidar com o Putin em questões diferentes. E eu digo coloque ele na sala", afirmou Trump.
O G7, que se chamava G8 antes da expulsão da Rússia, é formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Não necessariamente o grupo representa as oito maiores economias do mundo -- já que a China, segundo maior, não está representada, por exemplo --, mas é composto por algumas das nações que dominaram a geopolítica global no século 20, quando o grupo foi criado, e com características como alto índice de desenvolvimento.
Para Maas, devolver a Rússia ao G7 não é necessário porque o país já faz parte do G20, grupo de 20 nações do qual o Brasil também faz parte. "Não precisamos de G11 ou G12", disse o secretário alemão, fazendo referência a outra proposta de Trump, de convidar mais países para o grupo.
Além do conflito na Ucrânia, a Rússia e as potências do G7 frequentemente entram em embates no conflito na Síria, uma guerra civil que já dura uma década. A Rússia é uma das principais aliadas do ditador sírio Bashar al-Assad, enquanto forças do Ocidente chegaram a apoiar grupos rivais que tentavam derrubar Assad e acusaram o ditador sírio de usar armas químicas e outras medidas ilegais contra a população.