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Trump ordenou ataque na síria antes de jantar com Xi Jinping

Em um quarto seguro no seu resort na Flórida, os principais assessores militares de Trump lhe apresentaram três opções para punir o presidente sírio

Trump: segundo fonte, Trump escolheu a opção mínima e ordenou o lançamento de uma sequência de mísseis de cruzeiro contra Shayrat (Carlos Barria/Reuters)

Trump: segundo fonte, Trump escolheu a opção mínima e ordenou o lançamento de uma sequência de mísseis de cruzeiro contra Shayrat (Carlos Barria/Reuters)

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Reuters

Publicado em 7 de abril de 2017 às 21h02.

Washington/Palm Beach - Em um quarto seguro no seu resort Mar-a-Lago na Flórida, os principais assessores militares do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lhe apresentaram três opções para punir o presidente da Síria, Bashar al-Assad, por um ataque com gás venenoso que matou dezenas de civis.

A reunião foi na tarde de quinta-feira, poucas horas antes de 59 mísseis de cruzeiro norte-americanos caírem em uma base aérea militar síria, em resposta ao que Trump chamou de "uma desgraça à humanidade".

Trump estava em sua propriedade na Flórida para a primeira cúpula com o presidente da China, Xi Jinping.

Mas a cúpula ficou para depois da reunião ultrassecreta com o assessor de segurança nacional dos EUA, H.R. McMaster, e o secretário de Defesa, Jim Mattis, disse à Reuters uma fonte familiarizada com a reunião.

McMaster e Mattis apresentaram três opções a Trump, as quais foram rapidamente reduzidas a duas: bombardear múltiplos aeródromos ou somente o de Shayrat, próximo à cidade de Homs, onde o caça militar que carregava gás venenoso decolou, disse a autoridade.

Ao menos 70 pessoas, incluindo 20 crianças, foram mortas no ataque a gás no norte da Síria.

A Rússia, que possui forças militares na Síria auxiliando o governo de Assad, diz que as mortes foram causadas por um vazamento de gás de um depósito onde grupos rebeldes armazenavam armas químicas, uma acusação que rebeldes negam e autoridades da inteligência dos EUA dizem ser falsa.

Após ouvir um argumento de que seria melhor minimizar mortes russas e árabes, disse a autoridade, Trump escolheu a opção mínima e ordenou o lançamento de uma sequência de mísseis de cruzeiro contra Shayrat.

Mattis e McMaster argumentaram que escolher este alvo iria desenhar a linha mais clara entre o uso de gás nervoso por Assad e o ataque retaliatório, disse a autoridade.

Além disto, as habitações ocupadas por assessores russos, aviadores sírios e alguns funcionários civis ficavam na periferia da base aérea, o que significa que ela poderia ser destruída sem arriscar a morte de centenas de pessoas - especialmente caso o ataque ocorresse fora das horas normais de funcionamento da base.

Outra autoridade a par das discussões disse que o governo possui planos de contingência para possíveis ataques aéreos adicionais até a noite desta sexta-feira, dependendo de como Assad responder ao primeiro ataque.

"Se isto é o fim depende do presidente Assad", disse a autoridade. "Temos opções adicionais prontas".

Confrontando sua primeira crise de política externa, Trump confiou em grande parte em autoridades militares experientes - Mattis, general aposentado da Marinha, e McMaster, tenente-general do Exército - e não nos operadores políticos que dominaram suas decisões políticas nas primeiras semanas de sua Presidência, disseram três autoridades envolvidas nas deliberações.

Após notícias do ataque a gás serem reveladas na terça-feira, Trump imediatamente pediu uma lista de opções para punir Assad, de acordo com duas autoridades sêniores que participaram destes encontros.

Todas as autoridades falaram em condição de anonimato para discutir deliberações internas e questões da inteligência.

Autoridades sêniores do governo disseram ter se encontrado com Trump nesta semana e apresentado opções incluindo sanções, pressão diplomática e planos para uma variedade de ataques militares na Síria, todos eles elaborados muito antes dele assumir.

A opção mais agressiva, segundo uma das autoridades, seria um ataque de "decapitação" contra o palácio presidencial de Assad, que fica isolado em uma colina a oeste do centro de Damasco.

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