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Trump minimiza papel da Rússia em ciberataque contra EUA

As declarações são feitas um dia após o secretário de Estado afirmar que a Rússia estava por trás do ataque cibernético devastador

Trump diz que deixará a Casa Branca se Colégio Eleitoral formalizar vitória de Biden
 (Bloomberg/Getty Images)

Trump diz que deixará a Casa Branca se Colégio Eleitoral formalizar vitória de Biden (Bloomberg/Getty Images)

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AFP

Publicado em 19 de dezembro de 2020 às 19h47.

O presidente americano Donald Trump minimizou neste sábado (19) o ciberataque gigantesco contra as agências do governo dos Estados Unidos, garantindo estar "sob controle", subestimando a importância das acusações de seu governo sobre a responsabilidade da Rússia no ocorrido.

"Fui completamente informado e tudo está sob controle", tuitou Trump em seus primeiros comentários públicos sobre o ataque.

Ele acrescentou que a "Rússia Rússia Rússia é o canto prioritário quando algo acontece" e sugeriu que a China "pode" também estar envolvida.

"Também poderia ter havido um ataque às nossas ridículas máquinas de votação" durante a eleição presidencial de 3 de novembro, "que agora é óbvio que ganhei, tornando isso uma vergonha ainda mais corrupta para os Estados Unidos", acrescentou o magnata republicano em sua última acusação infundada de suposta fraude na votação vencida pelo democrata Joe Biden.

Essas declarações são feitas um dia depois que o secretário de Estado Mike Pompeo disse que a Rússia estava por trás do ataque cibernético devastador, que também afetou outros alvos no mundo e que, de acordo com especialistas, poderia ter um impacto de longo alcance e levar meses para ser desvendado.

"Acho que agora podemos dizer que está bastante claro que foram os russos que participaram dessa atividade", declarou Pompeo no programa The Mark Levin Show na sexta-feira.

De acordo com a CNN, funcionários da Casa Branca redigiram um comunicado a ser divulgado na sexta-feira atribuindo o ataque à Rússia, mas foram obrigados a suspender a publicação.

Por seu lado, Moscou reagiu por meio de uma mensagem de sua embaixada em Washington, que garante que "a Rússia não realiza operações ofensivas no ciberespaço".

A Microsoft afirmou na quinta-feira que notificou mais de 40 clientes afetados por malware, o que, segundo especialistas em segurança, permitiu aos atacantes acesso irrestrito às suas redes. Cerca de 80% das pessoas afetadas estão localizadas nos Estados Unidos.

A Agência de Infraestrutura e Segurança Cibernética dos EUA afirmou na quinta-feira - sem identificar o agressor - que o ataque representava um "sério risco" e que frustrá-lo seria "altamente complexo".

Biden expressou "grande preocupação" com a questão, enquanto o senador republicano Mitt Romney culpou a Rússia e criticou o que chamou de "silêncio imperdoável" da Casa Branca.

O democrata Adam Schiff, chefe do comitê de inteligência da Câmara de Representantes, criticou Trump por minimizar o ataque cibernético.

"Outra traição escandalosa de nossa segurança nacional por este presidente", tuitou Schiff.

O de Trump é "mais um tuíte desonesto que poderia ter sido escrito pelo Kremlin. Outra demonstração de deferência a Putin", enfatizou o legislador.

As suspeitas de possível conluio entre a Rússia e a equipe de campanha de Trump na eleição de 2016 foram investigadas por um procurador especial, mas o caso foi encerrado por falta de evidências.

Mas a postura de Trump sobre o ciberataque gerou indignação até mesmo no lado republicano.

O senador Mitt Romney culpou a Rússia e criticou o que chamou de "silêncio imperdoável" da Casa Branca.

Por seu lado, o senador Marco Rubio disse: "Está cada vez mais claro que a inteligência russa realizou a intrusão cibernética mais séria da nossa história".

"Nossa resposta deve ser proporcional", escreveu ele no Twitter.

Neste sábado, o Departamento de Estado informou que os Estados Unidos fecharão seus dois últimos consulados na Rússia, o de Vladivostok (extremo oriente) e o de Ecaterimburgo (centro).

No entanto, não está claro se essas medidas entrarão em vigor antes de Biden tomar posse. em 20 de janeiro.

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