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Trump manifesta apoio à marcha contra aborto

O presidente denunciou ter nos Estados Unidos "uma das leis sobre aborto mais permissivas do mundo"

Trump: o discurso de Trump por videoconferência foi o primeiro de um presidente em exercício (Jonathan Ernst/Reuters)

Trump: o discurso de Trump por videoconferência foi o primeiro de um presidente em exercício (Jonathan Ernst/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 20h33.

Milhares de militantes contra a interrupção voluntária da gravidez (IVG) se reuniram nesta sexta-feira (19) em Washington em seu encontro anual "Marcha pela Vida", que contou com a participação do presidente Donald Trump por meio de videoconferência.

Os manifestantes estavam reunidos na esplanada do National Mall quando o presidente falou do roseiral da Casa Branca.

"Me sinto honrado e muito orgulhoso de ser o primeiro presidente a estar aqui com vocês, da Casa Branca, para me dirigir à 'Marcha pela Vida'", declarou Trump em um telão, antes de ser aplaudido pelos manifestantes.

O presidente denunciou ter nos Estados Unidos "uma das leis sobre aborto mais permissivas do mundo". E acrescentou que seu país figura entre "os únicos sete que autorizam o aborto no final do período, com China, Coreia do Norte e outros".

Depois Trump fez menção a um mito derivado em várias ocasiões sobre as leis de IVG nos Estados Unidos, que serviram para sua campanha presidencial. Mas se enganou e ao invés de usar a palavra "torn" (arrancar) usou "born" (nascer): "Neste momento, em vários estados, as leis autorizam que um bebê nasça do ventre de sua mãe no nono mês. Isso tem que mudar".

Defensor da vida

"Escolham a vida", "respeitem as mulheres, respeitem a vida", são algumas das frases que podiam ser lidas nos cartazes que os manifestantes levavam, entre os quais havia religiosos, famílias e estudantes.

"Realmente aprecio que falemos sobre isso, é realmente importante", disse Sandy Burton, que viajou de Indianapolis, a 800 quilômetros de Washington. "Sonhamos em ver o aborto se converter em uma solução impensável", acrescentou a jovem.

"Este presidente é um defensor incansável da vida e da consciência nos Estados Unidos", disse um pouco antes seu vice-presidente, o ultraconservador Mike Pence.

Em 2017, Pence se tornou o primeiro vice-presidente americano a comparecer à "Marcha pela Vida", da qual participam todos os anos militantes contra o aborto, muitos deles cristãos tradicionalistas.

Trump, que se divorciou várias vezes e já chegou a dizer que era a favor do direito ao aborto, não é um líder evidente para os opositores da IVG, embora eles tenham consciência que graças a ele ganharam alguns pontos nos últimos 12 meses.

O discurso de Trump por videoconferência foi o primeiro de um presidente em exercício. Chefes de Estado anteriores, como Ronald Reagan e George W. Bush, falaram com os manifestantes, mas por telefone.

Mais de 40 anos de luta

A "Marcha pela Vida" marca o aniversário do caso "Roe v. Wade" (22 de janeiro de 1973), que abriu jurisprudência dando o direito a abortar em todo o território americano.

A cada ano, desde 1974, os militantes contra o aborto marcham nos dias próximos a essa data. Seu percurso vai do National Mall até a Suprema Corte, onde chegam com a esperança de poder reverter o "Roe v. Wade".

Eles sabem que se Trump tiver a chance durante o seu mandato de nomear um segundo juiz conservador para a Suprema Corte seu desejo poderá se tornar realidade.

Enquanto isso, sua causa progride com pequenas vitórias. A Casa Branca, dezenas de estados e o Congresso já são controlados por opositores ao aborto.

O governo americano anunciou na quinta-feira a criação de uma nova divisão ministerial destinada às liberdades de consciência e religiosa. Ela apoiará médicos, enfermeiros e outros funcionários do sistema de saúde que rejeitem realizar determinadas tarefas que consideram contrárias a suas convicções.

Esta divisão oferecerá especialmente um apoio aos profissionais de saúde que não querem ser vinculados com práticas de aborto, nem se ocupar das pessoas transgênero.

Esta iniciativa preocupa algumas organizações que temem que algumas populações sejam vítimas de discriminação no acesso a tratamentos médicos.

"Ninguém deveria se ver privado de atendimento médico, incluindo um aborto seguro e legal", reagiu a organização de planejamento familiar Planned Parenthood.

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