Trump acusou as autoridades de não terem lhe informado na época que estavam rastreando os vínculos de Manafort com a Rússia (Yuri Gripas/Reuters)
EFE
Publicado em 1 de agosto de 2018 às 15h16.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insinuou nesta quarta-feira que seu ex-chefe de sua campanha presidencial Paul Manafort, que neste momento enfrenta 18 acusações por fraude bancária e fiscal, está sendo tratado pelas autoridades de forma pior que o mítico gângster Al Capone em sua época.
"Olhando para trás na história, quem foi tratado pior, Alfonse (Alphonse) Capone - mafioso lendário, assassino e "inimigo público número 1" - ou Paul Manafort - assessor político e queridinho de (Ronald) Reagan e (Bob) Dole - que está preso e em isolamento apesar de não ter sido condenado por nada?", tuitou Trump.
Manafort, que dirigiu a campanha eleitoral do agora presidente entre junho e agosto de 2016, enfrenta desde ontem o primeiro julgamento da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre os supostos laços entre a Rússia e a equipe de campanha de Trump.
Horas antes de publicar essa mensagem, Trump também recorreu a sua rede social favorita para fazer uma defesa de seu ex-colaborador.
"Paul Manafort trabalhou para (o presidente) Ronald Reagan, (o candidato republicano) Bob Dole e outros muitos líderes políticos de destaque e respeito", escreveu o presidente, em mensagem na qual, não obstante, também fez questão de se distanciar de seu ex-assessor ao assinalar que Manafort trabalhou para ele apenas "durante um curto período de tempo".
Além disso, Trump acusou as autoridades de não terem lhe informado na época que estavam rastreando os vínculos de Manafort com a Rússia apesar de, por se tratar de uma investigação em curso, o FBI não estar autorizado a comentar suas suspeitas.
"Essas velhas acusações não têm nada a ver com conluio. É uma montagem!", concluiu Trump.
Manafort está sendo julgado por não ter declarado os US$ 75 milhões que obteve por prestar assessoria a governos estrangeiros, entre eles o do ex-presidente ucraniano pró-Rússia Viktor Yanukovich (2010-2014), a quem ajudou a melhorar sua imagem.
Apesar de o magistrado Thomas Selby Ellis III ter determinado que Manafort deveria permanecer sob detenção domiciliar em um princípio, ordenou posteriormente que o assessor de 69 anos deveria ir para a prisão após vir à tona a informação de que ele tinha aproveitado a falta de vigilância para colaborar com um cidadão russo vinculado à inteligência do Kremlin.
Al Capone, que na década de 1920 liderou os "anos dourados" do crime organizado em Chicago, acabou sendo julgado - e condenado - por um delito de evasão fiscal pelo qual cumpriu sete anos de prisão.