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Trump inicia segundo mandato assinando pacote extenso de ordens executivas

De imigração à economia, ações executivas abarcam reversões de políticas de Biden, mudanças ambientais e restrições polêmicas à cidadania por nascimento

Donald Trump assinando ordens executivas depois de sua posse (Anna Moneymaker / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP/AFP)

Donald Trump assinando ordens executivas depois de sua posse (Anna Moneymaker / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP/AFP)

Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 10h55.

Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos na segunda-feira, 20, e iniciou seu mandato com a assinatura de uma série de ordens executivas. De um palco no Capital One Arena, em Washington — e posteriormente na Casa Branca — Trump formalizou medidas abrangendo temas como imigração, energia, regulamentações ambientais e governança federal, sinalizando os rumos de sua administração.

Grande parte das medidas promete reverter políticas da administração de Joe Biden, com Trump anulando 78 ordens executivas do ex-presidente democrata Joe Biden, desmontando políticas que tratavam de questões como equidade racial, inclusão de gênero, combate às mudanças climáticas e resposta à pandemia de covid-19. Ele também eliminou exigências éticas adicionais para indicados políticos e interrompeu sanções contra colonos israelenses na Cisjordânia.

Além disso, Trump revogou a ordem de Biden que permitia que militares transgênero servissem abertamente, restaurando uma política de exclusão adotada em seu primeiro mandato. Outro passo significativo foi o congelamento de todas as regulamentações pendentes, permitindo à nova administração revisar e potencialmente reverter uma série de políticas federais.

Confira a lista de decretos assinados por Trump em seu segundo mandato:

Fim da cidadania por nascimento

Trump assinou uma ordem que nega a cidadania automática a filhos de imigrantes sem status legal e àqueles nascidos de visitantes em vistos temporários, como turistas e estudantes.

A decisão, baseada em uma reinterpretação da 14ª Emenda, é amplamente considerada inconstitucional por especialistas e deve enfrentar desafios na Suprema Corte.

Emergência na fronteira e endurecimento migratório

A política de imigração de Trump inclui a declaração de uma emergência nacional na fronteira sul, caracterizando a situação como uma “invasão”.

Ele restaurou a política “Permaneça no México” para solicitantes de asilo, suspendeu por quatro meses a admissão de refugiados e instruiu as forças armadas a priorizarem o combate à imigração ilegal e ao tráfico de drogas.

Outra medida instrui o procurador-geral a buscar a pena de morte para crimes graves cometidos por imigrantes indocumentados. Ao mesmo tempo, Trump designou cartéis de drogas e gangues como organizações terroristas.

Políticas ambientais e energia

Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, revertendo a adesão promovida por Biden. Ele também eliminou regulações voltadas à transição para veículos elétricos e ampliou a exploração de recursos naturais, como petróleo no Alasca e gás natural liquefeito.

LEIA MAIS: "Bomba climática": em Davos, Carlos Nobre analisa saída americana do Acordo de Paris

Trump também suspendeu arrendamentos para energia eólica offshore enquanto sua administração revisa as práticas de licenciamento. Uma ordem específica prioriza o redirecionamento de água da Califórnia para atender regiões afetadas por crises hídricas, mas especialistas já criticam o impacto ambiental dessas mudanças.

Transformações no governo federal

Trump determinou que todos os trabalhadores federais retornem ao trabalho presencial, encerrando políticas de trabalho remoto. Ele também reimplementou a política de retirar proteções contra demissões de funcionários federais e extinguiu programas relacionados a diversidade, equidade e inclusão (DEI).

O governo deverá revisar contratos para identificar empresas que promovem treinamentos de DEI e interromper financiamentos a iniciativas relacionadas à justiça ambiental. A reestruturação inclui ainda a criação de novos planos de desempenho para executivos federais.

Redefinição de gênero e direitos sociais

Uma ordem de Trump estabelece que o governo federal reconheça apenas dois sexos – masculino e feminino – com base em células reprodutivas no nascimento.

A medida influencia áreas como esportes escolares, documentos oficiais e uso de banheiros, impactando diretamente os direitos de pessoas transgênero.

O governo federal também proibirá o uso de fundos públicos para tratamentos médicos relacionados à transição de gênero e poderá punir escolas que permitam acesso de estudantes trans a espaços de acordo com sua identidade de gênero.

Clemência a réus do 6 de janeiro

Trump emitiu perdões a 14 pessoas condenadas por envolvimento na insurreição do Capitólio e ordenou a retirada de acusações pendentes contra outras.

Ele também iniciou uma investigação sobre alegadas irregularidades em agências como o Departamento de Justiça, acusando-as de "instrumentalização contra aliados políticos".

Retiradas de organismos internacionais

Além do Acordo de Paris, Trump retirou os EUA da Organização Mundial da Saúde, criticando sua resposta à pandemia.

Ele também iniciou processos para renomear o Golfo do México para "Golfo da América" e restaurar o nome original do Monte McKinley, revertendo mudanças feitas em administrações anteriores.

Outras ordens executivas

Entre as dezenas de ações assinadas, destacam-se:

  • Avaliação de relações comerciais com México, Canadá e China para identificar práticas desleais;
  • Implementação de um programa para embelezar prédios federais;
  • Suspensão de 90 dias na assistência ao desenvolvimento estrangeiro, visando realinhar a ajuda às prioridades da política externa "America First".
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