Trump: o presidente americano está preocupado com a situação na Venezuela (Kevin Lamarque/Reuters)
EFE
Publicado em 9 de maio de 2017 às 22h29.
Washington - O governo de Donald Trump esboçou nesta terça-feira os pilares de sua política para a América Latina, baseada na "segurança nacional e na prosperidade econômica", embora com um enfoque comercial mais protecionista, em linha com as prioridades do atual morador da Casa Branca.
O secretário de Comércio, Wilbur Ross, e o encarregado para América Latina no Departamento de Estado, Francisco Palmieri, defenderam a política de Trump para a região durante a Conferência das Américas que é realizada anualmente em Washington.
"Uma política exterior que esteja baseada na segurança nacional e na prosperidade econômica é algo que se encaixa de maneira natural com nossos interesses neste continente e com a forma com que este continente se relaciona conosco", disse Palmieri, que ocupa de forma interina o cargo de secretário adjunto dos EUA para América Latina.
"Economias fortes e saudáveis na região são boas tanto para os Estados Unidos como para nosso continente. Por isso, este governo está comprometido em aumentar a segurança e potencializar o crescimento econômico" na América Latina, assegurou o funcionário.
Trump quer ver "um hemisfério seguro, democrático e livre, uma região com lei e ordem dentro de suas fronteiras na quais se feche a passagem para redes criminosas transnacionais e para as vias de atividade ilícita", na quais também "o terrorismo não possa arraigar-se", segundo Palmieri.
Os Estados Unidos estão interessados em manter seu intercâmbio comercial com a região, à qual exporta um volume "três vezes superior" ao que envia "a China, Japão e Índia juntos", mas esse negócio deverá ajustar-se às quatro "prioridades" de Trump em comércio, ressaltou o funcionário.
Essas prioridades são "promover a soberania dos Estados Unidos, aplicar as leis comerciais americanas, aproveitar a pujança econômica dos Estados Unidos para expandir as exportações de bens e serviços americanos, e proteger os direitos de propriedade intelectual" de seu país, detalhou Palmieri.
Para impulsionar essas prioridades, segundo lembrou, o novo governo está "revisando seus tratados comerciais existentes", em particular o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), em vigor desde 1994 entre Estados Unidos, Canadá e México.
Ross, o titular de Comércio dos EUA, disse hoje que quer buscar "um calendário mais agressivo" para renegociar o Nafta, dada a vontade das autoridades mexicanas de encerrar essas negociações antes do final de 2017.
"Os EUA não serão uma fonte de atraso", destacou Ross, prometendo que "logo" será enviada ao Congresso a carta com 90 dias de antecedência, um requisito formal para o início das conversas.
"Não buscamos uma guerra comercial com ninguém, e menos com nossos aliados da América Latina", salientou Ross, garantindo que "a imposição de tarifas" será empregada apenas "quando as outras ferramentas tenham falhado".
Além disso, Trump está preocupado com a situação na Venezuela, um tema que o governante tratou em várias de suas conversas com seus homólogos no continente, segundo lembrou Palmieri.
"O povo da Venezuela está sofrendo com a repressão autoritária e a má gestão econômica de seu governo", denunciou.
"A solução aos problemas da Venezuela não é menos democracia, senão mais democracia", acrescentou Palmieri em referência ao processo iniciado por Caracas para abandonar a Organização de Estados Americanos (OEA) e convocar uma Assembleia Constituinte para modificar a Carta Magna venezuelana.
"O regime (de Nicolás Maduro) continua em um choque frontal com a região e com seu próprio povo", declarou o funcionário.
A Venezuela também centrou parte do discurso feito na conferência pelo senador republicano Marco Rubio, que opinou que a mudança nesse país só pode acontecer "nas urnas, e não de nenhuma outra maneira".
Também na conferência, o senador republicano John McCain opinou que Trump deve adotar um papel mais pró-ativo na Venezuela.
"Por que não alçamos a voz por aqueles que estão agora mesmo na rua, arriscando suas vidas e seu conforto? Há um líder da oposição encarcerado, por que o presidente Trump não menciona seu nome?", se perguntou McCain em referência ao opositor venezuelano Leopoldo López.