Mundo

Trump enfrentará em breve a dura realidade da Casa Branca

O milionário populista entrará no dia 20 de janeiro no mítico Salão Oval com uma taxa de impopularidade de 48%

Trump: o empresário, totalmente novato na política, quebrou todos os códigos e superou seus concorrentes republicanos para depois vencer a candidata Hillary Clinton (Getty Images)

Trump: o empresário, totalmente novato na política, quebrou todos os códigos e superou seus concorrentes republicanos para depois vencer a candidata Hillary Clinton (Getty Images)

A

AFP

Publicado em 3 de janeiro de 2017 às 13h28.

Washington - Donald Trump assumirá em menos de três semanas as rédeas de um país dividido, mas a estratégia de arranques permanentes que funcionou para que ele chegasse à presidência dos Estados Unidos pode se chocar com a dura realidade do poder na Casa Branca.

O milionário populista, cuja surpreendente vitória desencadeou uma onda de choque em seu país e no mundo, entrará no dia 20 de janeiro no mítico Salão Oval com uma taxa de impopularidade de 48%.

Seu antecessor, Barack Obama, que advertiu antes da eleição de 8 de novembro sobre o risco que Trump representaria para a democracia, deixa seu posto com uma popularidade recorde de 55%.

Indo contra as previsões, o empresário, totalmente novato na política, quebrou todos os códigos e superou seus concorrentes republicanos para depois vencer - embora tenha perdido em número de eleitores - a candidata Hillary Clinton.

Desde então, em pleno período de transição, o clima político é pesado e repleto de incertezas.

"É difícil dizer o que esperar com Trump, porque tem uma experiência política muito pequena e porque evidentemente tem um humor muito variável", afirma Fred Greenstein, professor em Princeton e autor de uma obra sobre os presidentes dos Estados Unidos ("The Presidential Difference: Leadership Style from FDR to Barack Obama").

470 colaboradores

Quase dois meses depois de sua eleição, Donald Trump continua sendo Donald Trump: mantém sua personalidade considerada errática - se descreveu como "imprevisível" - e segue com sua comunicação estrondosa no Twitter, sobretudo em questões importantes de política externa.

"Não sei o que quer fazer e acredito que ele também não", disse à AFP no início de dezembro o senador democrata Patrick Leahy.

A partir de 20 de janeiro, deverá comandar a primeira potência mundial.

Para tomar decisões sobre as dezenas de temas diários, o comandante-em-chefe terá a ajuda de 470 colaboradores na Casa Branca.

Um ex-assessor presidencial confessa: "Não sei se já sabem" como o 45º presidente dos Estados Unidos, que passou até agora a maior parte de seu tempo no topo de sua torre Trump de Manhattan e em seu clube da Flórida, administrará a realidade do exercício do poder.

Donald Trump contará com uma equipe que montou minuciosamente nestas últimas semanas, formada por membros de sua família, milionários, empresários, caciques republicanos e militares da reserva.

Que lugar sua filha Ivanka Trump e seu gerno Jared Kushner ocuparão? Haverá lugar para seu vice-presidente Mike Pence, para o líder republicano Reince Priebus ou para o seu assessor estratégico Steve Bannon, figura da extrema-direita americana?

A história de como os presidentes anteriores governaram, narrada pelo professor Greenstein, é instrutiva.

O democrata Jimmy Carter (1977-1981) permitia a presença de sua esposa Rosalynn em reuniões importantes. Os democratas Franklin Roosevelt (1933-1945) e Bill Clinton (1993-2001) deixavam suas esposas Eleanor e Hillary influenciarem nas orientações políticas.

Novato, como Eisenhower

O republicano Dwight Eisenhower, um novato na política, assim como Trump, adorava que seus conselheiros debatessem fortemente suas ideias antes de decidir.

Diferentemente dele, seu distante sucessor republicano Ronald Reagan (1981-1988) odiava os conflitos abertos e se cercou de um "triunvirato interessante", explica Greenstein: (Edwin) "Meese, uma espécie de ideólogo; Jim Baker, político pragmático e da classe dirigente republicana, e Mike Deaver, o homem das relações públicas, muito próximo a Nancy" Reagan.

"Não brigavam porque representavam as diferentes facetas de Reagan", ressalta.

As rivalidades também podem dividir a casa em pedaços. A Ala Oeste é pequena, mas pode produzir descontentamento, inveja e ambição em doses dignas de Shakespeare.

Sob a presidência de George Bush pai (1989-1993), seu secretário-geral John Sununu e seu diretor de orçamento Richard Darman protagonizaram fortes brigas sobre os impostos.

George W. Bush (2001-2008) também precisou acalmar os ânimos entre seu poderoso vice-presidente Dick Cheney e seu influente ministro da Defesa Donald Rumsfeld.

"Quem participa das reuniões, que chega ao ouvido do presidente, quem tem a sorte de poder falar com ele antes que decida, é fundamental", resumiu Cheney antes de ser vice-presidente.

Acompanhe tudo sobre:Barack ObamaDonald TrumpEleições americanasEstados Unidos (EUA)

Mais de Mundo

O que é o Projeto Manhattan, citado por Trump ao anunciar Musk

Donald Trump anuncia Elon Musk para chefiar novo Departamento de Eficiência

Trump nomeia apresentador da Fox News como secretário de defesa

Milei conversa com Trump pela 1ª vez após eleição nos EUA