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Trump enfrenta republicanos por separação de famílias na fronteira

As separações de famílias ilegais na fronteira, em razão da política de "tolerância zero" de Trump, tem dividido os republicanos

Trump pretende votar a reforma migratória nesta quinta, mas o resultado entre os republicanos é incerto (Jonathan Ernst/Reuters)

Trump pretende votar a reforma migratória nesta quinta, mas o resultado entre os republicanos é incerto (Jonathan Ernst/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de junho de 2018 às 15h13.

Intransigente e convencido de ter o apoio de grande parte do seu eleitorado, Donald Trump enfrenta nesta terça-feira os legisladores republicanos divididos entre o apoio ao presidente e o mal-estar profundo causado pela sua política de separação de famílias migrantes.

"Se não temos fronteiras, não temos país", declarou em uma nova avalanche matinal de tuítes. "Devemos sempre deter as pessoas que entram ilegalmente no nosso país".

"Eu não quero crianças sendo retiadas de seus pais. Mas quando tentamos procesar os pais por virem para cá ilegalmente, algo deve ser feito, é preciso separar as crianças", afirmou, por sua vez, em um discurso ante pequenos empresários.

Imagens de crianças chorando e gravações de suas vozes angustiadas: as separações sistemáticas ocorridas desde o início de maio em razão da política de "tolerância zero" em relação à imigração ilegal, agita os ânimos mesmo dentro do Partido Republicano no Capitólio, onde o presidente americano é esperado no final da tarde.

Mas, apoiando-se em pesquisas que mostram um apoio majoritário a esta medida entre os eleitores republicanos, Donald Trump persiste e voltou a jogar a responsabilidade para os legisladores,principalmente os democratas, exigindo que "mudem essas leis ridículas e obsoletas".

Ele deverá, portanto, empurrar esta tarde os republicanos, maioria no Senado e na Câmara dos Deputados, para votar na quinta-feira uma reforma migratória. Mas, dadas as divisões internas, o resultado dessa votação é mais do que incerto.

Mesmo expressando desconforto diante dessas crianças submetidas a um "sofrimento desnecessário", várias figuras do partido, como os senadores Marco Rubio, Ted Cruz e o número dois republicano no Senado, John Cornyn, garantiram que desejam seguir em frente com uma lei que permite que as famílias fiquem juntas, enquanto aguardam sua audiência perante um juiz.

Outros membros do partido não escondem seu descontentamento diante da decisão da Casa Branca. Este é o caso de John McCain, crítico habitual do presidente.

"A política cruel atual é uma afronta à decência do povo americano e aos princípios e valores sobre os quais nossa nação foi fundada", escreveu o senador.

Neste contexto, o presidente republicano insiste que a culpa recai principalmente sobre a oposição.

"Os democratas são o problema. Eles não se importam com a criminalidade e querem que os imigrantes ilegais, por mais perigosos que sejam, infestem o nosso país, como o MS-13", tuitou o presidente americano, referindo-se a uma gangue de origem americano-salvadorenha.

"Sr. Presidente, só você pode consertar isso (...) com um golpe de caneta", retrucou nesta terça-feira o líder dos senadores democratas, Chuck Schumer. "Jogar a responsabilidade nos outros é fácil e desonesto".

 "Modelo de civilização"

Desde o anúncio da política de "tolerâna zero" no início de maio, 2.342 crianças e jovens migrantes foram separados de suas famílias (de 5 de maio a 9 de junho), segundo dados oficiais.

Esse afluxo é resultado direto da decisão da Casa Branca de processar 100% das pessoas que cruzam suas fronteiras com o México sem documentos, sejam elas acompanhadas ou não de crianças.

Até agora, ainda que a lei fosse a mesma, as autoridades muitas vezes optavam por não deter as famílias para evitar essa situação, uma vez que as crianças não podem ser encarceradas e, portanto, devem ser realocadas.

Esta nova política é "digna de tortura", segundo a ONG Anistia Internacional, "inadmissível" para a ONU, e também denunciada por líderes religiosos americanos influentes entre o eleitorado republicano.

Donald Trump também tem usado a crise migratória na Europa para convencer os americanos dos benefícios de sua firmeza.

"É ainda pior em outros países", disse ele nesta terça-feira.

A Europa e os Estados Unidos não têm o mesmo "modelo de civilização", reagiu nesta terça o porta-voz do governo francês, Benjamin Griveaux, denunciando as imagens "chocantes" de crianças separadas.

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