Donald Trump: Os advogados do ex-presidente afirmaram na semana passada que seu cliente não conseguiu levantar o valor da fiança (Giorgio Viera/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 25 de março de 2024 às 11h04.
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump enfrenta nesta segunda-feira, 25, duas audiências judiciais que podem manchar sua imagem de bilionário bem-sucedido que aspira à reeleição em novembro.
Acusado em quatro processos penais e condenado a elevadas multas em dois julgamentos civis, o magnata do setor imobiliário deve apresentar-se às 09h30 locais (10h30 em Brasília) a um juiz do tribunal criminal de Manhattan para fixar uma nova data para seu histórico julgamento pela suposto pagamento para comprar o silêncio de uma atriz pornô sobre uma relação à qual nega.
Também nesta segunda-feira termina o prazo para que o magnata deposite a garantia determinada pelo juiz Arthur Engoron de 355 milhões de dólares (1,77 bilhão de reais) de multa, além de mais de 100 milhões de dólares (498 milhões de reais) em juros acumulados, por aumentar o valor de suas propriedades para obter taxas mais favoráveis em empréstimos e seguros para a Trump Organization.
Caso contrário, a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, que levou os Trump ao tribunal em outubro de 2022 por fraude financeira, poderá bloquear seus bens e contas bancárias.
"Sua imagem mudaria radicalmente aos olhos de muitas pessoas, já que ele sempre se apresentou como um milionário de sucesso", disse à AFP Andrew Weissmann, ex-procurador federal e autor de um livro sobre as acusações do ex-presidente.
O ex-inquilino republicano da Casa Branca (2017-2021), para onde pretende retornar em 2025, voltou a atacar no sábado, em sua rede Truth Social, a procuradora James e o juiz Engoron: um juiz "TOTALMENTE INCOMPETENTE E CORRUPTO" e uma chefe da procuradoria de Nova York "QUE ATACA A TRUMP QUANDO ELE FEZ ABSOLUTAMENTE NADA DE ERRADO", escreveu, em letras maiúsculas.
Donald Trump chama a sentença civil de "inventada" e a "exigência de fiança, inconstitucional" imposta por uma procuradora "racista e corrupta" e por um juiz "controlado pela panelinha democrata".
Os advogados de Trump afirmaram na semana passada que seu cliente não conseguiu levantar o valor da fiança, que é uma garantia de que o magnata pagará a pena imposta se os seus recursos não prosperarem.
O ex-presidente garantiu na sexta-feira que tinha "quase 500 milhões de dólares (2,4 bilhões de reais) em dinheiro, uma parte significativa dos quais são destinados à campanha" contra o presidente democrata Joe Biden.
Nesse mesmo dia, sua empresa de comunicação Trump Media & Technology Group recebeu autorização para abrir o capital, uma medida com a qual poderia contar com milhões de dólares como garantia.
Suas opções são vender propriedades como a icônica Trump Tower na Quinta Avenida, solicitar um empréstimo bancário ou até mesmo declarar falência pessoal, segundo Carl Tobias, professor de direito na Universidade de Richmond (Virgínia Oriental).
"Esta última opção não suspenderia a sentença de primeira instância contra Trump, uma vez que a procuradora provavelmente tentaria declará-lo responsável pelas suas dívidas", sustenta.