Donald Trump e Benjamin Netanyahu devem se reunir na Casa Branca para tratar do acordo de trégua entre Israel e Hamas (Joshua Roberts/Reuters)
Agência de Notícias
Publicado em 6 de julho de 2025 às 20h56.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, devem se reunir na segunda-feira, na Casa Branca, em encontro que será marcado pela possibilidade de avanços para um cessar-fogo provisório de 60 dias entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas que também depende do andamento das negociações deste domingo em Doha, no Catar.
Washington tem mediado entre as duas partes e apresentado a oferta, que teoricamente já foi aceita pelo governo de Netanyahu e que o Hamas parece ter recebido, por enquanto, de forma positiva.
O Hamas se mostrou aberto a negociar o acordo, ao qual pediu algumas emendas que o governo israelense classificou inicialmente como "inaceitáveis", apesar de ainda estar disposto a dialogar.
As emendas seriam o centro das conversas que a delegação de Israel e a do Hamas realizam em Doha por meio dos mediadores, Egito, Catar e EUA.
No âmbito das negociações, Trump quis aproveitar o impulso gerado pela recente trégua entre Israel e Irã para fechar um acordo similar na Faixa de Gaza e disse que gostaria de ver um acordo assinado na próxima semana.
O documento em negociação em Doha, ao qual a Agência EFE teve acesso, estabelece a libertação de reféns detidos pelo Hamas, a libertação de presos palestinos por parte de Israel e a abertura de passagens terrestres para a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
Atualmente, cerca de 50 reféns permanecem na Faixa de Gaza, dos quais se estima que aproximadamente 20 ainda estejam vivos.
Além disso, segundo o texto, as tropas das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) se retirariam gradualmente do norte e do sul da Faixa de Gaza para "locais específicos" que ainda não foram determinados, assim como o cronograma desse recuo e da libertação dos presos palestinos.
A trégua de 60 dias proposta pelos EUA serviria como estrutura para negociar os termos de um fim definitivo do conflito.
De acordo com a proposta, será o presidente dos EUA, Donald Trump, que supervisionará pessoalmente a implementação do acordo, enquanto o enviado do país para o Oriente Médio, Steve Witkoff, liderará as negociações in loco.
Se as negociações fracassarem em um prazo de 60 dias, o cessar-fogo temporário poderá ser ampliado, segundo o texto.
Desde o início da ofensiva de Israel no território palestino, ocorreram duas tréguas: a primeira, em novembro de 2023, durou apenas uma semana, enquanto a segunda, iniciada em 19 de janeiro, terminou em 18 de março, quando Israel retomou os bombardeios.
Para o governo de Netanyahu, o fim da guerra passa pela saída do Hamas do poder e o desmantelamento de seu braço militar, enquanto o grupo islâmico exige a retirada total das tropas das IDF do enclave.
A ofensiva de Israel sobre a Faixa de Gaza começou após os ataques do Hamas de 7 de outubro de 2023, que deixaram 1.200 mortos em Israel e 251 sequestrados. Desde então, mais de 57 mil pessoas morreram em Gaza, no que numerosos agentes internacionais classificam como genocídio.
A reunião entre Trump e Netanyahu na segunda-feira será o terceiro encontro deles desde que o presidente americano retornou ao poder, em janeiro, e evidencia a estreita relação pessoal e política entre ambos.
Netanyahu foi, em fevereiro, o primeiro mandatário estrangeiro recebido por Trump na Casa Branca, um encontro no qual o presidente americano gerou polêmica ao propor que os EUA assumissem o controle da Faixa de Gaza para expulsar seus habitantes e desenvolver ali um projeto imobiliário.
O segundo encontro ocorreu em abril, pouco depois de Trump anunciar tarifas para grande parte do mundo, incluindo Israel. Naquela ocasião, o americano anunciou o início de negociações com o Irã para um novo acordo nuclear, conversas que foram frustradas dois meses depois pelos ataques de Israel contra esse país.