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Trump e Greta em Davos: duas visões de mundo em colisão

Segundo Karl Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, a garota sueca colocou a sustentabilidade no foco das discussões sobre o futuro do capitalismo

Donald Trump em Davos: o presidente americano representa o nacionalismo e o ceticismo em relação à crise climática  (Arnd Wiegmann/Reuters)

Donald Trump em Davos: o presidente americano representa o nacionalismo e o ceticismo em relação à crise climática (Arnd Wiegmann/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2020 às 05h58.

Última atualização em 21 de janeiro de 2020 às 06h59.

São Paulo — O “efeito Greta Thunberg” chegou com força às rodas dos tomadores de decisão globais. O tema central do Fórum Econômico Mundial, que começa nesta terça-feira (21) em Davos (Suíça), será as mudanças de rumo no capitalismo. Ganha força um novo modelo de capitalismo que se preocupa, em primeiro lugar, com o uso sustentável dos recursos do planeta e suas consequências para a população.

Segundo Karl Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, tal nível de discussão é mérito da garota ativista Greta, que participará de dois painéis de debates em Davos nesta terça.

A sueca de 17 anos ganhou fama internacional ao mobilizar multidões de jovens em prol do meio ambiente, mas enfrenta a resistência e a crítica de alguns líderes mundiais. Entre eles está o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que também deve fazer um discurso em Davos, nesta terça.

Trump e Greta representam duas tendências opostas em alta no mundo. De um lado está o nacionalismo e o ceticismo em relação à crise climática, defendidos por Trump e outros líderes mundiais. De outro, uma nova geração de jovens ativistas preocupados com o futuro do planeta e em busca de uma solução global. Essas duas visões estarão representadas hoje em Davos.

Influenciado pelo movimento criado por Greta Thunberg, o Fórum Econômico Mundial, que completa 50 anos de existência em 2020, está lançando um novo manifesto para substituir o anterior, de 1971, e propõe um novo modelo: o “capitalismo de partes interessadas” (stakeholder capitalismo).

A mudança prevê que as empresas deixem a busca pelo lucro e assumam um papel de responsabilidade diante dos desafios sociais, econômicos e ambientais que o mundo enfrenta. Ganha espaço, portanto, o pagamento justo dos impostos, a tolerância zero com a corrupção, a proteção do meio ambiente para futuras gerações, a vigilância dos direitos humanos em toda a cadeia de fornecedores e remuneração responsável dos executivos.

Com a pressão do mercado por resultados de curto prazo e o foco no lucro, o sistema se desconectou da economia, tornando-se insustentável, segundo Schwab. Uma pesquisa divulgada nesta semana mostrou que 86% das pessoas do mundo acredita que o capitalismo está fazendo mais mal do que bem ao mundo. As discussões em Davos, portanto, acontecem em boa hora. Agora, se o “efeito Greta” terá força para catalisar uma mudança como essa, já é outra história.

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