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Trump diz ser tratado "injustamente" pela imprensa

O presidente evitou falar sobre denúncia de sua tentativa de pressionar o FBI a abandonar uma investigação sobre Michael Flynn

Donald Trump: "Olhem a forma como fui tratado recentemente, especialmente pela imprensa. Nenhum político na história - e digo isso com grande segurança - foi tratado pior, ou mais injustamente" (Jonathan Ernst/Reuters)

Donald Trump: "Olhem a forma como fui tratado recentemente, especialmente pela imprensa. Nenhum político na história - e digo isso com grande segurança - foi tratado pior, ou mais injustamente" (Jonathan Ernst/Reuters)

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AFP

Publicado em 17 de maio de 2017 às 19h52.

O presidente Donald Trump, que enfrenta uma onda de denúncias por ter revelado informações em excesso a diplomatas russos e tentado pressionar o FBI, afirmou nesta quarta-feira (17) que nenhum outro político na história do país foi tratado "mais injustamente" do que ele.

"Olhem a forma como fui tratado recentemente, especialmente pela imprensa. Nenhum político na história - e digo isso com grande segurança - foi tratado pior, ou mais injustamente", disse Trump, durante evento de promoção de novos cadetes da Guarda Costeira.

O republicano evitou fazer referência ao terremoto político provocado em Washington pela denúncia de sua tentativa de pressionar o FBI (a Polícia Federal americana) a abandonar uma investigação sobre seu agora ex-conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn.

Aos cadetes, Trump declarou, porém, que seu governo está conseguindo "coisas enormes em muito pouco tempo" e acrescentou que não foi eleito "para servir à imprensa, ou a interesses especiais".

Em uma nova e perigosa reviravolta, na noite de terça-feira (16), o jornal The New York Times noticiou que possuía um memorando interno escrito pelo ex-diretor do FBI James Comey.

Nessa comunicação, Comey afirma que, em uma conversa, Trump tentou encerrar a investigação sobre Flynn.

Desconfiança generalizada

Em 9 de maio, Trump demitiu James Comey, e lhe advertiu pelo Twitter para que se mantivesse em silêncio e lhe sugeriu que possuía gravações de todas as suas conversas na Casa Branca.

Em meio ao clima de desconfiança generalizada, a pressão se concentrava no Congresso nesta quarta-feira, e especialmente na bancada do Partido Republicano, que até agora se mantém em silêncio.

O influente presidente da Câmara de Representantes, o republicano Paul Ryan, convocou uma coletiva onde alegou que o Poder Legislativo tem que se concentrar em fazer o seu trabalho.

O Congresso não deve "se concentrar em especulações (...) e aqui há claramente política em jogo. Nosso papel é nos concentrarmos nos fatos", disse.

"Seguiremos os fatos a qualquer lugar que nos conduzam", acrescentou o legislador republicano em uma coletiva de imprensa.

Ryan também recordou que duas comissões do Congresso investigam todas as denúncias relacionadas ao papel da Rússia nas eleições do ano passado.

Além disso, o titular da comissão de Supervisão da Câmara Baixa, o republicano Jason Chaffetz, já solicitou formalmente ao FBI que envie ao Congresso o memorando que, segundo o New York Times, foi redigido por Comey.

A comissão de Assuntos de Inteligência no Senado enviou nesta quarta-feira a Comey uma carta convidando-o para uma audiência pública e para uma privada para que testemunhe sobre o ocorrido.

Na terça-feira (16), Comey rejeitou uma reunião a portas fechadas.

O vice-diretor dessa comissão, Mark Warner, disse nesta quarta-feira que "é difícil, para um legislador de qualquer partido, não se dar conta de que essa investigação é o assunto mais sério que temos nas mãos até o momento".

No entanto, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, disse que "o que vi foi uma quantidade de rumores e estou esperando ver evidências e provas, e creio que isso seja o que todos querem ver, se há algo ali, mostrem".

Segundo a Casa Branca, Trump entrevistará quatro pessoas para ocupar o cargo de diretor do FBI. Um deles é o atual diretor interino, Andrew McCabe, e a lista inclui também o ex-senador democrata Joe Lieberman.

"Esquizofrenia política"

O escândalo sobre o suposto pedido de Trump a Comey para que se esqueça de Flynn é de tal magnitude que momentaneamente deixou de lado outra polêmica que atormenta a Casa Branca há vários dias.

Segundo denúncias concordantes, durante a reunião que manteve na semana passada no Salão Oval com o chanceler russo, Sergei Lavrov, Trump acabou revelando informações da Inteligência que eram consideradas de máximo grau de segredo.

Trump teria revelado a Lavrov que o grupo extremista Estado Islâmico (EI) planejava ataques aos Estados Unidos usando laptops nos voos, uma informação que aparentemente Washington recebeu de Israel com a condição de não repassá-la a ninguém.

A Rússia descartou que Trump tenha dado a Lavrov qualquer informação secreta, e o presidente Vladimir Putin assinalou que havia em Washington um clima de "esquizofrenia política".

Putin disse que estava disposto a fornecer ao Congresso americano uma transcrição da conversa entre Trump e Lavrov.

"O que essas pessoas que dizem estas besteiras vão inventar agora? Se não entendem que prejudicam seu próprio país, são simplesmente estúpidas. Se entendem tudo, são perigosos e desonestas", disse o líder russo.

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