Donald Trump, presidente dos EUA, em evento de assinatura de documentos nesta quarta-feira, 30 (Anna Moneymaker/AFP)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 10h35.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou planos de altas tarifas para a indústria farmacêutica internacional, afirmando que as taxas sobre medicamentos importados para os EUA poderiam alcançar até 250%.
Essa declaração foi feita em entrevista ao programa "Squawk Box" da CNBC, onde Trump explicou que a estratégia começaria com uma tarifa pequena, mas que, dentro de um período máximo de um ano a um ano e meio, subiria para 150% e depois para os 250% como objetivo final, a fim de estimular a fabricação de produtos farmacêuticos no território americano.
Essa proposta é inserida em um contexto mais amplo das políticas protecionistas que Trump vem defendendo para reduzir a dependência dos EUA em cadeias de suprimentos estrangeiros, especialmente em setores estratégicos como medicamentos e semicondutores.
Ao aumentar significativamente os custos das importações, a intenção declarada é estimular os investimentos na produção doméstica e, consequentemente, fortalecer a segurança nacional por meio do aumento da autossuficiência industrial.
No entanto, especialistas e analistas da área econômica e do setor da saúde manifestaram preocupação quanto aos efeitos colaterais dessa medida.
A imposição de tarifas tão elevadas poderia causar um aumento significativo nos preços dos medicamentos nos EUA, refletindo-se diretamente no custo para os consumidores e na pressão inflacionária em toda a cadeia de serviços de saúde.
Por exemplo, com uma tarifa inicial de apenas 25%, já se prevê um aumento gradual de 10% a 14% nos preços ao consumidor conforme os estoques antigos acabam. Escalando para tarifas superiores, o impacto seria potencialmente devastador, especialmente para medicamentos genéricos e essenciais como antibióticos, insulina e remédios para doenças crônicas.
Além disso, há incerteza quanto ao compromisso das grandes farmacêuticas em realocar operações para os Estados Unidos em curto prazo.
Embora empresas como AstraZeneca, Johnson & Johnson e Eli Lilly tenham anunciado bilhões em investimentos para ampliar fábricas e centros de pesquisa no país, especialistas apontam que uma transição total da produção e a redução da dependência de podem levar anos, não garantindo queda dos preços aos consumidores.