Trump e Ucrânia: presidente dos EUA pressiona Zelensky a ceder recursos minerais em troca de apoio (ROBERTO SCHMIDT /AFP)
Agência de notícias
Publicado em 21 de fevereiro de 2025 às 16h14.
Horas após a Casa Branca insistir que a Ucrânia assinará um acordo que concederá aos Estados Unidos acesso aos seus depósitos minerais, o presidente americano, Donald Trump, minimizou o papel do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, nas negociações pelo fim do conflito.
“O presidente Zelensky vai assinar o acordo [dos depósitos minerais], e vocês vão ver isso em breve. E isso é bom para a Ucrânia”, afirmou Michael Waltz, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), principal evento da direita americana, na sexta-feira.
Já em reunião na Casa Branca, Trump declarou que a Ucrânia “não tem nenhuma carta” para negociar o fim da guerra e mencionou ter tido “ótimas conversas com Putin” e “não tão boas com a Ucrânia”.
Nos últimos dias, os assessores de Trump intensificaram as críticas a Zelensky, após o republicano chamá-lo de “ditador” e, sem evidências, afirmar que a Ucrânia iniciou a guerra. O governo Trump também tenta reformular os termos da ajuda americana ao país, vinculando o apoio financeiro e militar ao fornecimento de recursos naturais.
Na quarta-feira, Zelensky recusou um acordo que daria aos EUA 50% dos rendimentos da exploração mineral da Ucrânia. O governo americano também exigiu US$ 500 bilhões em terras raras, essenciais para tecnologia e defesa, como compensação pela assistência militar fornecida desde 2022.
O impasse gerou reações na Europa. Stefan de Keersmaecker, porta-voz da Comissão Europeia, criticou Trump por chamar Zelensky de “ditador” e afirmou que o ucraniano foi eleito democraticamente, ao contrário de Putin.
Apesar do embate público, o enviado especial dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg, classificou sua recente reunião com Zelensky como “positiva” e destacou a necessidade de diálogo. No entanto, Waltz reiterou na Fox News que “Kiev precisa baixar o tom e assinar o acordo”, reforçando a pressão americana.
A nova abordagem da Casa Branca sinaliza um distanciamento da política tradicional dos EUA desde a Guerra Fria. Enquanto isso, aliados da OTAN criticam as conversas diretas entre Washington e Moscou, alertando que isso fortalece as demandas russas.
Ainda assim, a administração Trump defende sua estratégia, afirmando que busca um caminho para a paz.
(Com AFP, Bloomberg e New York Times)