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Trump diz que não mudará nomes de bases que homenageiam escravocratas

Pedidos para renomear instalações militares ganharam força em meio a terceira semana de protestos pela morte de George Floyd

Trump: 10 bases militares têm o nome de generais que defendiam a preservação da escravidão (Carlos Barria/Reuters)

Trump: 10 bases militares têm o nome de generais que defendiam a preservação da escravidão (Carlos Barria/Reuters)

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AFP

Publicado em 11 de junho de 2020 às 06h47.

Última atualização em 11 de junho de 2020 às 08h16.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (10) que se opõe categoricamente à ideia de renomear bases militares que homenageiam generais que lutaram com o sul escravagista durante a Guerra Civil, uma hipótese tratada pelo Pentágono em meio a uma onda nacional de protestos antirracismo.

"Foi sugerido que devemos renomear até dez de nossas bases militares lendárias", escreveu Trump no Twitter.

O presidente disse que essas bases fazem parte do "patrimônio americano" e que seu governo "nem sequer considerará" mudar seus nomes. "Respeitem nossas Forças Armadas", concluiu.

Os pedidos para renomear essas instalações militares ganharam força em um momento em que o país vive a terceira semana de protestos pela morte do afro-americano George Floyd pelas mãos de um policial branco de Minneapolis, que reabriu o debate sobre a escravidão passada nos Estados Unidos.

Na terça-feira, o Pentágono informou que o secretário de Defesa, Mark Esper, e o secretário do Exército, Ryan McCarthy, estavam dispostos a estudar a proposta.

Esper e McCarthy "estão abertos à discussão bipartidária", disse o Pentágono, exigindo um consenso no Congresso entre democratas, que clamam pela retirada desses nomes, e republicanos relutantes.

A Marinha americana, por sua vez, anunciou a proibição de bandeiras confederadas, que ainda são populares nos estados do sul, em todos os seus navios e dependências.

Dez bases questionadas

Dez bases militares dos Estados Unidos receberam nome de generais do sul, o lado que perdeu a Guerra Civil (1861-1865) e que defendia a preservação da escravidão.

As bases estão localizadas no sul e incluem Fort Bragg, na Carolina do Norte, a maior do país; Ford Hood no Texas; e Fort Benning, na Geórgia, estabelecimentos onde os recrutas são treinados.

A reivindicação de movimentos antirracistas também se concentrou nas estátuas dos heróis do sul escravagista da Guerra Civil, na bandeira dos Confederados e, mais recentemente, nos monumentos dedicados a Cristóvão Colombo, por abrir as Américas à colonização europeia. 

Uma estátua do navegador genovês foi decapitada em Boston, informou a polícia na quarta-feira. Outra foi derrubada na Virgínia.

Nesta quarta-feira, a presidente da Câmara dos Representantes, a  democrata Nancy Pelosi, disse que 11 estátuas de soldados e oficiais confederados devem ser removidas do Capitólio, sede do Congresso americano.

"Monumentos a homens que defendiam a crueldade e a barbárie para alcançar um fim tão claramente racista são uma afronta grotesca" aos ideais da democracia e liberdade americanas, escreveu Pelosi a um comitê formado por democratas e republicanos.

"Suas estátuas prestam homenagem ao ódio, não à herança", acrescentou Pelosi. "Elas devem ser retiradas."

O proeminente general reformado David Petraeus escreveu na revista The Atlantic: "A ironia do treinamento em bases com nomes daqueles que pegaram em armas contra os Estados Unidos e pelo direito de escravizar outro é inevitável para quem presta atenção".

"A maioria dos generais confederados que dão nome às nossas bases eram comandantes, se não incompetentes, que não se destacavam no campo de batalha", acrescentou.

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