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Trump diz que não cruzará os braços diante da "ditadura" de Maduro

De sanções econômicas até uma intervenção militar, analistas avaliam as opções de Washington

Trump: Os Estados Unidos, que desde março de 2015 consideram a Venezuela "uma ameaça para a segurança nacional", já aplicaram diversas medidas contra o governo venezuelano (Carlos Barria/Reuters)

Trump: Os Estados Unidos, que desde março de 2015 consideram a Venezuela "uma ameaça para a segurança nacional", já aplicaram diversas medidas contra o governo venezuelano (Carlos Barria/Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de maio de 2018 às 12h08.

Última atualização em 21 de maio de 2018 às 08h50.

O governo de Donald Trump anunciou que não ficará de braços cruzados diante da "ditadura" de Nicolás Maduro. O que fará após as eleições deste domingo, que considera uma "fraude"? De sanções econômicas até uma intervenção militar, analistas consultados pela AFP avaliam as opções de Washington.

Mais sanções

Os Estados Unidos, que desde março de 2015 consideram a Venezuela "uma ameaça para a segurança nacional", já aplicaram diversas medidas contra cerca de 60 funcionários e ex-funcionários do governo venezuelano, entre eles Maduro e outros de alto escalão, acusados de corrupção e narcotráfico.

Trump também proibiu entidades americanas de negociar a dívida do Estado venezuelano ou de sua petroleira PDVSA, e de comercializar petro, a criptomoeda lançada por Caracas.

"Se Maduro ganhar, como se espera, o governo americano certamente pressionará ainda mais", opinou David Smilde, do centro de pesquisa e promoção dos direitos humanos WOLA, com sede em Washington.

Aumentarão "as sanções contra funcionários, em alguns casos incluindo familiares e associados", apontou Mariano de Alba, um advogado venezuelano especialista em Relações Internacionais que também vislumbra mais ações desse tipo vindas de União Europeia e Canadá, e de países latino-americanos, estimulados por Washington a pressionar Caracas.

"Trump não terá outro remédio senão mostrar maior força", apontou Michael Shifter, presidente do centro de análise Diálogo Interamericano, após o anúncio dias atrás da embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, de "continuar isolando Maduro até que ele ceda".

O efeito Conoco

No entanto, um embargo petroleiro parece pouco provável no curto prazo, disse De Alba, depois que a americana ConocoPhillips tomou o controle dos ativos da PDVSA após ganhar um litígio de mais de 2 bilhões de dólares, um duro golpe para Caracas.

"Representa um duro golpe para o governo de Maduro porque nenhum petroleiro venezuelano pode sair em águas internacionais sem a ameaça de ser apreendido", disse Marczak.

Smilde concordou. Mas disse que antes de um bloqueio total, Washington pode tomar medidas contra a indústria petroleira venezuelana, coluna vertebral da economia, como aplicar sanções às seguradoras dos buques petroleiros.

"Uma medida mais drástica - deter as importações de petróleo vindas da Venezuela - parece agora menos provável, já que isso poderia exacerbar a crise humanitária do país, fortalecer Maduro politicamente e abrir o caminho para uma maior participação russa e chinesa na Venezuela", advertiu Shifter.

Os Estados Unidos tentarão evitar "fatores externos" que agravem a "já incrível crise humanitária" e levem à migração de mais venezuelanos, disse Jason Marczak, diretor do centro sobre América Latina do centro de pensamento independente Atlantic Council.

O fator militar

Podem os militares um papel na "restauração democrática" que os Estados Unidos buscam na Venezuela?

Trump sugeriu em agosto passado "uma possível" operação armada entre as "muitas opções" para forçar que Maduro deixe o poder, uma alternativa que alguns venezuelanos em Miami aplaudiram e que pareceu mais verossímil com a chegada dos "falcões" à Casa Branca: o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o assessor de segurança nacional, John Bolton.

"Há um risco claro de ação militar por parte dos Estados Unidos", disse Smilde. "Há venezuelanos expatriados pedindo há tempos e sempre há políticos e funcionários do governo interessados em uma ação militar".

Shifter não concorda. "O governo disse repetidamente que 'todas as opções estão sobre a mesa', a intervenção militar americana continua sendo altamente improvável", disse.

Marczak também não acredita que isso esteja no horizonte. Mas não descarta que após as eleições, o "descontentamento" se apodere cada vez mais do exército venezolano e assim muitos decidam deixar de seguir ordens do presidente eleito de maneira "ilegítima".

"Será cada vez mais difícil de manter os militares alinhados à medida que a crise econômica piore", sentenciou.

Palavras vs fatos

Oficialmente, Washington promove una pressão externa multilateral que propicie uma solução interna pacífica na Venezuela. Assim assegurou o vice-presidente Mike Pence na Organização de Estados Americanos (OEA) na semana passada.

Richard Feinberg, do Instituto Brookings, lamenta que não exista "uma política coerente e factível".

"Acho que a retórica da administração Trump sobre a Venezuela, como em Cuba, está mais orientada a satisfazer as respectivas comunidades no exílio do que a obter resultados reais nesses países", disse.

Victoria Gaytán, do grupo de especialistas em política externa Global Americans, espera mais pressão sobre Caracas após domingo, não somente dos Estados Unidos, mas internacional, desde o não reconhecimento do resultado eleitoral, até restrições de vistos a funcionários venezuelanos e mais sanções econômicas.

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