Repórter
Publicado em 13 de outubro de 2025 às 09h39.
Última atualização em 13 de outubro de 2025 às 09h50.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira, 13, que o grupo palestino Hamas será desarmado.
A afirmação foi feita durante visita do presidente a Israel, e acontece pouco tempo depois de ser confirmada a libertação de todos os reféns israelenses vivos em poder do grupo terrorista desde 2023.
A medida faz parte de um acordo de cessar-fogo que envolve 20 pontos e foi costurado com apoio de Egito, Catar, Turquia e Estados Unidos.
Pelo entendimento firmado, Israel libertou cerca de 2.000 palestinos detidos e ampliará a entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
O plano prevê ainda a retirada gradual das forças israelenses e a desmilitarização da região, o que inclui a exigência de que o Hamas abra mão de seus arsenais.
Apesar do avanço diplomático, o papel do Hamas no futuro político de Gaza continua incerto.
O grupo ainda não aceitou os termos que o impedem de atuar no governo local e exigem sua completa desmobilização militar. Enquanto isso, Israel insiste que o Hamas deve ser eliminado como força política e armada.
Durante seu discurso no Parlamento israelense, Trump defendeu a recente ofensiva contra estruturas militares e científicas no Irã.
O presidente dos EUA afirmou que a destruição da infraestrutura nuclear iraniana foi essencial para garantir o apoio árabe ao plano de paz em Gaza.
Ele citou bombardeios realizados por aeronaves norte-americanas e operações conduzidas por Israel para neutralizar figuras estratégicas ligadas ao programa atômico iraniano.
Para Trump, esses ataques foram decisivos para enfraquecer a capacidade do Irã de influenciar o conflito.
Em um momento mais conciliador, o presidente norte-americano sugeriu que um eventual tratado de paz com o Irã poderia ser possível no futuro, embora tenha ressaltado que o foco imediato de sua diplomacia será a guerra entre Rússia e Ucrânia.
O plano de cessar-fogo foi apresentado por Trump durante uma reunião na Casa Branca com Netanyahu no final de setembro.
O plano inclui uma série de medidas que visam não apenas encerrar a guerra, mas também estabelecer um novo governo em Gaza.
Entre as condições, está a desmilitarização do Hamas e sua exclusão da governança da Faixa de Gaza.
Segundo o acordo sugerido por Trump, o Hamas, que governa Gaza desde 2007, seria substituído por um "comitê palestino tecnocrático e apolítico", supervisionado por um "Conselho de Paz", com Trump atuando como presidente e Tony Blair, ex-primeiro-ministro britânico, desempenhando um papel de liderança.
O plano também estipula que Gaza se tornaria uma "zona desradicalizada, livre de terrorismo, que não representa ameaça para seus vizinhos", e seria reformada para o benefício do povo de Gaza.
Para isso, o Conselho de Paz criaria um plano para a reconstrução de Gaza, incluindo o financiamento da reconstrução por um período determinado, enquanto a Autoridade Palestina passaria por um programa de "reforma" para garantir que pudesse retomar o controle seguro e eficaz de Gaza.
A Autoridade Palestina, que administra partes da Cisjordânia ocupada por Israel, tem sido acusada de corrupção e falta de eficiência por opositores internos e organizações internacionais.
O Conselho de Paz seria responsável por estabelecer uma governança moderna e eficiente, que atendesse às necessidades da população de Gaza e atraísse investimentos.
O plano também prevê a criação de uma zona econômica especial, com tarifas preferenciais e condições de acesso negociadas com países participantes.
O plano de Trump também afirma que ninguém será forçado a deixar Gaza. Aqueles que desejarem sair poderão fazê-lo, mas também terão a liberdade de retornar. A proposta menciona que haverá esforços para encorajar os palestinos a permanecer e contribuir para a construção de uma Gaza melhor.
A proposta também inclui uma colaboração com parceiros regionais do Oriente Médio para garantir que o Hamas cumpra suas obrigações.
Os Estados Unidos trabalharão com parceiros árabes e internacionais para criar uma "Força Internacional de Estabilização", que seria enviada para Gaza imediatamente. Essa força teria a missão de treinar e apoiar as forças policiais palestinas em Gaza, trabalhando junto com Israel e Egito para garantir a segurança nas áreas fronteiriças.
A Força de Estabilização também ajudaria a implementar um sistema de segurança em Gaza, com a supervisão das forças policiais treinadas, visando reduzir o risco de atividades terroristas no território. O cessar-fogo sugerido por Trump estabelece que Israel não ocupará nem anexará Gaza, uma medida que contrasta com a posição de membros da extrema-direita do governo israelense, que advogam pela anexação da região.
Apesar de ser um plano abrangente, ele não garante a criação imediata de um Estado palestino. Atualmente, cerca de 150 países reconhecem o Estado da Palestina.
O documento afirma apenas que, à medida que o processo de reconstrução de Gaza avance e as reformas da Autoridade Palestina sejam implementadas, "as condições poderão finalmente estar em vigor para um caminho credível em direção à autodeterminação e à criação de um Estado palestino, o que reconhecemos como a aspiração do povo palestino".