Mundo

Trump diz que ficaria 'muito chateado' com presença militar chinesa na Argentina

Declarações certamente se referiam ao centro de observação espacial na região da Patagônia argentina, e reforçam comentários de que Milei está “comprometido em tirar a China” do país

Trump: EUA promete apoio a Argentina sem China  (Kevin Dietsch/AFP)

Trump: EUA promete apoio a Argentina sem China (Kevin Dietsch/AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 15 de outubro de 2025 às 13h37.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou claro ao seu colega argentino Javier Milei que qualquer atividade militar chinesa no país sul-americano não seria bem recebida em Washington.

Os dois líderes se encontraram na Casa Branca na terça-feira, 14, depois que Scott Bessent, o chefe das finanças de Trump, prometeu um amplo apoio à moeda e à economia em dificuldades da Argentina, numa tentativa de fortalecer o libertário Milei antes de uma eleição legislativa crucial que acontece ainda este mês.

"Vocês podem fazer algum comércio, mas certamente não deveriam ir além disso", disse Trump, sentado em frente a Milei, referindo-se aos laços da Argentina com o gigante asiático. "Certamente não deveriam fazer nada relacionado a questões militares com a China, e se isso estiver acontecendo, eu ficaria muito chateado com isso."

Desempenho eleitoral

Os comentários de Trump sobre a atividade chinesa na Argentina aconteceram durante a mesma reunião em que ele insistiu que Milei precisará ter um bom desempenho na votação nacional de 26 de outubro para receber uma linha de swap de moeda de US$ 20 bilhões, algo que o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, já havia afirmado estar finalizado na semana passada. Os comentários fizeram com que os títulos soberanos argentinos caíssem na tarde de terça-feira.

Bessent esclareceu que a linha financeira dos EUA para a Argentina não depende de o governo de Milei encerrar seu acordo de US$ 18 bilhões com o banco central da China.

"Eu estava me referindo mais a portos, bases militares, instalações de observação que foram criadas na Argentina", disse Bessent.

As declarações praticamente indicam o centro de observação espacial da China na região da Patagônia argentina, e reforçam comentários anteriores de que Milei está “comprometido em tirar a China” da Argentina. No último fim de semana, a embaixada da China na Argentina respondeu a Bessent, acusando os EUA de “intimidar” nações latino-americanas enquanto promoviam uma “mentalidade da era da Guerra Fria”.

Governo Milei

Durante sua bem-sucedida campanha à presidência há dois anos, Milei chegou a sugerir que se oporia a qualquer acordo com um governo comunista chinês, mas depois suavizou sua posição.

Em 2012, o então governo argentino de esquerda concedeu à China direitos por 50 anos para construir uma estação espacial de 200 hectares na província patagônica de Neuquén. O antecessor de Milei, Alberto Fernández, renovou um acordo de parceria com a China para colaborar na exploração espacial.

Governos anteriores dos EUA especularam que a estação espacial chinesa na Patagônia estaria conduzindo atividades militares secretamente. O governo do ex-presidente dos EUA, Joe Biden, pediu que Milei inspecionasse o local, mas não está claro até que ponto as autoridades locais o fizeram no ano passado.

Logo após os comentários de Trump, a ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, negou que houvesse discussões especificamente sobre a estação espacial.

"Houve inspeções, há inspeções, existe uma política ativa do governo sobre isso, mas não avançou mais hoje", disse Patricia Bullrich aos repórteres. "Nada foi discutido em termos concretos."

Acompanhe tudo sobre:Javier MileiArgentinaDonald TrumpChina

Mais de Mundo

‘Morte Digna’: Uruguai pode aprovar projeto que descriminaliza eutanásia

Nova 'terceira via' da Argentina une governadores do interior contrários a Milei

Trump ameaça cortar programas de ajuda pública se paralisação do governo continuar

Trump ameaça retirar a Copa do Mundo de cidades com prefeitos democratas