EUA: "Acredito que ele passou do limite e acho que ficou provado que eu tinha razão", disse Trump (Alex Wong / Equipe/Getty Images)
EFE
Publicado em 11 de setembro de 2019 às 16h53.
Washington — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que o agora ex-assessor de Segurança Nacional, John Bolton, passou dos limites nas políticas adotadas para solucionar a crise na Venezuela e avaliou que as declarações dele sobre a Coreia do Norte prejudicaram o diálogo com Kim Jong-un.
"Eu estava em desacordo com John Bolton sobre ações na Venezuela. Acredito que ele passou bastante do limite e acho que ficou provado que eu tinha razão", disse Trump a jornalistas no Salão Oval da Casa Branca.
Perguntado se as políticas americanas para a Venezuela poderiam mudar agora que Bolton deixou o cargo, Trump se limitou a dizer que manterá a "firmeza" nas ações relativas ao país.
"A Venezuela está passando por uma situação realmente mal e estamos tentando ajudá-los de uma forma humanitária", disse Trump.
Apesar de reconhecer que a Casa Branca conversou com representantes do alto escalão do governo chavista, o presidente americano não quis responder se estaria disposto a se reunir com Nicolás Maduro, que estará em Nova York no fim do mês para participar da Assembleia Geral da ONU.
"Não quero falar sobre isso. Sigo trabalhando com Colômbia e Brasil para ajudar os venezuelanos", concluiu o presidente americano.
Nos últimos meses, Trump vinha mostrando frustração com a falta de resultados na campanha para derrubar Maduro do poder. A ofensiva política começou em janeiro, quando a Casa Branca decidiu declarar que reconhecia o deputado opositor Juan Guaidó como presidente interino do país.
As divergências com Bolton, um dos arquitetos da Guerra do Iraque durante o governo de George W. Bush, foram crescendo desde então. Em maio, segundo o jornal "The Washington Post", Trump chegou a acusar o assessor de tentar colocar o país em guerra com a Venezuela.
Na breve entrevista concedida hoje, Trump deu mais detalhes sobre a demissão de Bolton.
"Ele cometeu alguns erros muito graves, como falou do 'modelo líbio' para Kim Jong-un. Esse comentário não foi bom e nos prejudicou. Não culpo Kim Jong-un pelo que ele disse depois disso", explicou o presidente americano.
Em maio de 2018, Bolton afirmou que a Casa Branca queria adotar um "modelo Líbia" na Coreia do Norte. Era uma referência ao acordo que o governo americano assinou em 2003 com Muammar Kadafi um tratado de erradicação de armas de destruição em massa.
As declarações irritaram Kim, complicando os planos para a primeira das cúpulas entre o líder da Coreia do Norte e o presidente americano.
Trump também afirmou que Bolton não estava se dando bem com outros importantes membros do governo. Sem citar nomes, o presidente deu a entender que estaria se referindo ao secretário de Estado, Mike Pompeo, que frequentemente discordava da postura belicista do ex-assessor.
Cinco nomes estão sendo avaliados para substituir Bolton. Trump afirmou que anunciará quem assume o cargo de assessor de Segurança Nacional na próxima semana.
Um dos favoritos é o general Rick Waddell, ex-assessor do presidente que viveu 12 anos no Brasil. Correm por fora Keith Kellogg, assessor de Segurança Nacional do vice-presidente do país, Mike Pence, e Brian Hook, encarregado do Irã no Departamento de Estado.