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Trump culpa Biden por ascensão do Talibã no Afeganistão: 'inaceitável'

Trump, que apesar de ter perdido as eleições continua sendo a maior força do Partido Republicano, não deu detalhes do que teria feito para frear os avanços dos insurgentes

Donald Trump: ex-presidente criticou processo de saída das tropas americanas do Afeganistão (AFP/AFP)

Donald Trump: ex-presidente criticou processo de saída das tropas americanas do Afeganistão (AFP/AFP)

Drc

Da redação, com agências

Publicado em 12 de agosto de 2021 às 14h41.

Última atualização em 16 de agosto de 2021 às 13h17.

O ex-presidente americano Donald Trump criticou seu sucessor Joe Biden pelo processo de retirada militar dos Estados Unidos no Afeganistão.

Nesta quinta-feira, 12, Trump disse que é "inaceitável" a violenta ascensão dos talibãs, que passaram a retomar espaço no país após o anúncio da saída americana.

Biden prevê a retirada completa das tropas americanas até 31 de agosto, e o processo já está quase finalizado.

Trump afirmou que essa teria sido "uma retirada muito diferente e muito mais bem-sucedida" caso ele ainda fosse presidente. O republicano perdeu a eleição presidencial de 2020 para Biden, por 306 votos contra 232 no colégio eleitoral.

Sob o mandato de Trump, os Estados Unidos negociaram um acordo com os talibãs em Doha em 2020, segundo o qual os Estados Unidos retirariam todas as suas tropas em maio de 2021 em troca de diversas garantias de segurança.

Essas garantias incluíam a promessa dos militantes de manterem negociações de paz com o governo de Cabul, capital do país e ainda controlada pelo Estado, além de não atacarem os EUA.

"Se eu fosse presidente agora, o mundo veria que nossa retirada do Afeganistão seria uma retirada baseada em condições", afirmou Trump em nota.

"Pessoalmente, mantive negociações com altos líderes talibãs, nas quais eles compreenderam que o que estão fazendo agora não teria sido aceitável", disse. "Teria sido uma retirada muito diferente e muito mais bem-sucedida e os talibãs entenderam isso melhor do que ninguém."

Trump, no entanto, não deu detalhes do que teria feito para frear os avanços dos insurgentes.

 

A guerra bilionária

A saída dos EUA do Afeganistão tem sido conturbada. As autoridades de Cabul já perderam o controle da maior parte do norte e oeste do Afeganistão, enquanto várias cidades ao longo do país são disputadas.

A promessa de Biden foi de retirar todas as suas forças do Afeganistão antes do 20º aniversário dos ataques de 11 de setembro, e o presidente disse que não mudará de ideia, apesar dos avanços do Talibã.

Os EUA invadiram o Afeganistão em 2001, após o 11 de setembro, acusando o país, controlado então pelo Talibã, de estar escondendo o terrorista Osama Bin-Laden, da Al Qaeda e que se disse responsável pelo ataque às Torres Gêmeas.

Desde então, o governo afegão conseguiu retomar parte do país com o apoio das forças armadas americanas, mas o Talibã nunca deixou de ser uma ameaça e a guerra nunca foi de fato vencida, diferente do que os EUA imaginavam.

Em dado momento, antes de 2012, os EUA chegaram a ter mais de 100.000 soldados no Afeganistão, e o custo da guerra com o Talibã chegou a 100 bilhões de dólares por ano.

A estimativa do Departamento de Defesa dos EUA é que a guerra no Afeganistão tenha custado só até 2019 mais de 770 bilhões de dólares.

Sucessivos governos americanos, incluindo o de Trump, vinham sendo pressionados a encerrar a "guerra sem fim" no Afeganistão. O governo Biden foi eleito prometendo lidar com problemas internos dos EUA.

Esse dilema fez o atual secretário de Estado americano, Antony Blinken, defender a saída dos EUA.

"A ameaça terrorista mudou para outro lugar. E temos outros assuntos muito importantes em nossa agenda, incluindo o relacionamento com a China, incluindo lidar com questões que vão desde a mudança climática até a covid", disse Blinken à rede ABC.

O chefe da CIA, William Burns, e alguns generais dos EUA, como o ex-chefe militar David Petraeus, argumentaram que essa medida poderia mergulhar o país em mais violência e deixar os Estados Unidos mais vulneráveis a ameaças terroristas.

Alguns funcionários americanos temem que os talibãs tomem o controle da capital Cabul nos três meses seguintes à data limite de 31 de agosto.

(Com AFP)

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