Trump e Powell: presidente dos EUA voltou a criticar presidente do Fed (Saul Loeb/AFP)
Repórter
Publicado em 17 de abril de 2025 às 08h06.
O presidente Donald Trump voltou a usar sua rede social, a Truth Social, para atacar o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, nesta quinta-feira, 17, reclamando da condução da política monetária nos Estados Unidos.
Em sua publicação, Trump chamou Powell de “Too Late” (Powell "tarde demais"), sugerindo que o Fed deveria ter cortado os juros antes — e que ainda há tempo para fazê-lo agora.
“Fim de mandato de Powell não pode vir rápido o suficiente!”, continuou Trump.
A postagem inflamou os debates em torno da independência do banco central e da possível influência política sobre decisões econômicas estratégicas.
O Federal Reserve é uma instituição independente e o mandato de seu presidente não costuma ser interrompido por pressões políticas. Powell foi nomeado pelo próprio Trump em seu primeiro mandato, mas passou a ser alvo constante de críticas do presidente desde 2018.
A Casa Branca ainda não comentou a declaração mais recente. O mandato de Powell está previsto para terminar em 2026, a menos que ocorra uma renúncia.
O presidente do Federal Reserve (Fed) não pode ser demitido pelo presidente dos Estados Unidos sem a comprovação de justa causa, como estabelece a legislação americana. A independência do banco central é protegida por lei e pela Constituição, o que impede que um presidente dispense o chairman por discordâncias políticas ou decisões sobre a política monetária.
A lei americana permite a demissão de membros do conselho do Fed apenas em casos de má conduta, impropriedade ou ineficiência — e não por divergências em relação à taxa de juros ou à condução da economia. Powell, indicado por Donald Trump em 2017 e reconduzido por Joe Biden, tem mandato até 2026 e já afirmou publicamente que não renunciaria ao cargo, mesmo que fosse pressionado a fazê-lo.
Trump, que frequentemente criticou Powell por aumentos nos juros e chegou a chamá-lo de "inimigo", já cogitou removê-lo da presidência do conselho do Fed e nomear outro para a função. No entanto, essa substituição exigiria o aval da maioria dos demais membros do comitê, o que hoje parece improvável, dado o perfil dos atuais integrantes.