Donald Trump (Kevin Dietsch/AFP)
Repórter
Publicado em 14 de novembro de 2025 às 18h47.
Última atualização em 14 de novembro de 2025 às 19h48.
O presidente Donald Trump assinou, nesta sexta-feira, 14, uma ordem executiva que reduz as tarifas recíprocas impostas sobre produtos agropecuários como carne bovina, tomates, café e bananas. Segundo informações da AFP, as demais tarifas em vigor continuarão a ser aplicadas.
A medida de Trump busca diminuir custos de itens de supermercado em um momento em que a Casa Branca sofre pressão de eleitores para cortar preços de produtos do cotidiano, de acordo com a Bloomberg.
As isenções reduzem encargos comerciais sobre esses produtos, que, segundo o governo, não são produzidos nos Estados Unidos em quantidade suficiente para atender à demanda doméstica.
A administração listou centenas de alimentos — como coco, nozes, abacates e abacaxis — para receber isenção tarifária. Os cortes têm efeito retroativo a partir das 0h01 do dia 13 de novembro, no horário de Nova York.
"Após considerar as informações e recomendações que me foram fornecidas por autoridades, o andamento das negociações com diversos parceiros comerciais, a demanda e a capacidade interna atual de produção de certos produtos, entre outros fatores, determinei que é necessário e apropriado modificar ainda mais o escopo dos produtos sujeitos à tarifa recíproca imposta pela Ordem Executiva 14257", afirma Trump no documento.
A decisão pode beneficiar o Brasil, que é o maior produtor global de café e o maior fornecedor do grão para os Estados Unidos.
Em nota, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) disse que precisa analisar se esse novo ato se aplica apenas à tarifa base de 10%, à de 40%, ou a ambas. "O Cecafé está em contato com seus pares americanos, neste momento, para analisar, cuidadosamente, a situação e termos noção do real cenário que se apresenta", afirma a entidade.
O corte de tarifas sobre a carne bovina também pode favorecer o exportador brasileiro. Mesmo com as sobretaxas de Trump, os EUA continuaram sendo o principal destino da proteína animal brasileira em 2025.
Até setembro, o país importou 218,9 mil toneladas de carne, um aumento de 64,6% em relação ao mesmo período de 2024, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Em nota, a Abiec afirmou que considera muito positiva a decisão americana. "A redução tarifária devolve previsibilidade ao setor e cria condições mais adequadas para o bom funcionamento do comércio", diz a entidade.
O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, antecipou o plano e disse que ele se encaixa na estratégia mais ampla do governo de criar isenções tarifárias para produtos e setores considerados essenciais.
“Agora é o momento certo para liberar alguns desses itens que o presidente disse que liberaria”, disse Greer. “Isso é um desdobramento natural do que o presidente sinalizou, e é o que ele está fazendo hoje.”
A decisão ocorre em um momento em que Trump passa a enfatizar medidas para melhorar o custo de vida, diante de eleitores cada vez mais descontentes da economia sob sua gestão, segundo a Bloomberg.
De acordo com a agência, a medida pode ser vista também como um reconhecimento implícito de que as políticas tarifárias do presidente contribuíram para pressões inflacionárias no país.
Em setembro, o mês com os últimos dados de inflação disponíveis devido à paralisação do governo americano, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos subiu 0,3% na comparação anual. O resultado veio levemente abaixo da expectativa de economistas consultados pela agência Reuters, que projetavam aumento de 0,4% no mês.