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Trump confirmado, dúvidas no ar

Sérgio Teixeira Jr., de Nova York O Partido Republicano confirmou nesta terça-feira o empresário e estrela de reality show Donald J. Trump, 70, como seu candidato à sucessão de Barack Obama. Coube a seu primeiro filho, Donald Trump Jr., o anúncio do apoio dos 89 delegados de Nova York que levaram Trump a superar os […]

TRUMP: o empresário foi confirmado candidato, mas a convenção está longe de unir os republicanos  / Mike Segar/ Reuters

TRUMP: o empresário foi confirmado candidato, mas a convenção está longe de unir os republicanos / Mike Segar/ Reuters

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Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2016 às 07h23.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 17h51.

Sérgio Teixeira Jr., de Nova York

O Partido Republicano confirmou nesta terça-feira o empresário e estrela de reality show Donald J. Trump, 70, como seu candidato à sucessão de Barack Obama. Coube a seu primeiro filho, Donald Trump Jr., o anúncio do apoio dos 89 delegados de Nova York que levaram Trump a superar os 1.237 delegados necessários para obter a indicação. “Parabéns, papai. Te amamos”, disse Trump Jr., cercado por três irmãos. Depois do princípio de revolta na segunda-feira, ficam definitivamente afastadas as ameaças de tapetão: Trump é o nome que estará nas cédulas das eleições de 8 de novembro. Todo o resto, entretanto, segue no ar.

O imbróglio envolvendo sua mulher, Melania, que teria plagiado trechos de um discurso da primeira-dama Michelle Obama, foi o grande assunto do dia e até agora não houve resposta oficial por parte do candidato ou de sua mulher. A convenção também vem sendo descrita como morna em comparação com as anteriores, e a sensação é acentuada pela falta de republicanos de peso em Cleveland. Além do show, Trump tinha o objetivo na convenção de construir pontes com a ala tradicional do partido – mas, até agora, a distância parece só ter aumentado.

Na segunda noite do evento, os poucos líderes de projeção nacional que aceitaram subir no palanque de Trump fizeram de tudo, menos falar o nome do candidato. O primeiro foi Paul Ryan, presidente da Câmara e líder do partido. Candidato a vice na chapa derrotada de Mitt Romney em 2012, Ryan até o mês passado dizia “não estar pronto” a apoiar Trump. Em seu discurso, ele ressaltou as diferenças ideológicas com os democratas, mas sempre usando a primeira pessoa do plural: “nós, os republicanos”. Pode ser sido uma tentativa de demonstrar união, ou então uma maneira de evitar pronunciar o nome de Trump – o que Ryan fez apenas duas vezes nos cerca de oito minutos que falou.

Em seguida veio o governador de Nova Jersey, Chris Christie. Antes considerado uma das maiores estrelas ascendentes entre os republicanos, Christie foi envolvido em um escândalo mesquinho – ele teria mandado fechar uma ponte crucial para o trânsito da região de Nova York em retaliação contra um prefeito. Sua pré-candidatura não prosperou nas primárias e, na semana passada, Christie perdeu a vaga de vice na chapa de Trump para o governador de Indiana, Mike Pence.

Mas Christie também foi o primeiro republicano de primeiro escalão a apoiar a candidatura Trump, em fevereiro, e a recompensa veio na noite de terça. Seu discurso foi – literalmente – uma série de acusações contra Hillary Clinton. Um dos poucos oradores profissionais a falar na convenção, Christie obteve a maior reação do público. Depois de cada “indiciamento” de Clinton – sobre os fracassos na Líbia e na Síria, sobre a tibieza diante da Rússia e da China, sobre o escândalo do uso de um e-mail privado no Departamento de Estado – ele perguntava aos presentes na Quicken Loans Arena: “Culpada ou inocente?” Foi uma apresentação energética, que levou comentaristas a perguntar se Trump não estaria arrependido de tê-lo preterido para a vaga de vice.

Christie, a propósito, também mencionou o nome de Trump apenas duas vezes. As três palavras mais pronunciadas na noite foram “Hillary” (87 vezes), “Clinton” (70) e “América” (60), de acordo com Nate Silver, do site FiveThirtyEight. “Trump” veio na quarta posição, com 59 menções, empatado com “Donald”. A palavra “trabalho” foi dita 37 vezes – apesar de economia e empregos terem sido o tema principal da noite de terça.

Os dois filhos de Trump que falaram ontem receberam atenção especial. Trump Jr., 38, que trabalha nas empresas do pai desde os 14 anos, fez um discurso longo, falando das lições de negócios que aprendeu com o pai. Ele também entrou no terreno político, reafirmando a necessidade de liberalização da economia e diminuição do tamanho do governo. Ele parecia seguro e confiante em sua fala, embora tenha ido pouco além das platitudes. Sua meia-irmã Tiffany, 22, recém-formada em sociologia, foi a única integrante da família a tentar pintar um retrato um pouco mais humano de seu pai, algo considerado essencial pelos analistas. Ela contou uma história sobre os incentivos que ele escrevia nos boletins escolares e disse que faz questão de apresentar o pai para os amigos, “para que eles vejam como ele é um cara engraçado e real”. Mas, depois do fiasco do suposto plágio de sua madrasta, a pergunta é se esse tipo de detalhe humano terá sido muito pouco – e vindo tarde demais.

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