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Trump confirma oferta de militares ao México e critica recusa de Sheinbaum: 'tem medo dos cartéis'

Presidente mexicana revelou detalhes da conversa com o americano no sábado, e justificou a rejeição com o argumento de defesa da soberania

Agência o Globo
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Publicado em 5 de maio de 2025 às 11h46.

Última atualização em 5 de maio de 2025 às 11h59.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou ter feito uma proposta à líder mexicana, Claudia Sheinbaum, para que militares americanos fossem enviados ao México como forma de ajudar no combate ao tráfico de drogas.

A declaração do republicano, no domingo, corrobora a versão que Sheinbaum revelou no sábado — embora, enquanto a líder latina diz ter rejeitado a proposta para preservar a soberania de seu país, o americano a acusa de ser movida por "medo" dos cartéis.

A proposta sobre o envio de militares foi feita por Trump durante um telefonema com Sheinbaum, noticiado em primeira mão pelo Wall Street Journal. De acordo com os detalhes revelados pelos presidentes no fim de semana, o tom da conversa foi cooperativo, mas a recusa mexicana foi interpretada de forma diferente dos dois lados da fronteira.

Em conversa com jornalistas no domingo, Trump afirmou que propôs o envio de tropas ao México porque os cartéis são formados por "pessoas horríveis que estão matando pessoas", citando que os grupos fizeram fortuna vendendo drogas e "destruindo nosso povo" — o republicano mencionou "300 mil pessoas" perdidas no ano passado para a guerra às drogas.

— A presidente do México é uma mulher adorável, mas tem tanto medo dos cartéis que nem consegue pensar direito — disse Trump, em resposta a questionamentos. — Se o México quisesse ajuda com os cartéis, ficaríamos honrados em entrar e fazer isso. Eu disse isso a ela. Ficaria honrado.

No sábado, Sheibaum explicou a proposta recebida e o motivo de sua recusa durante um evento no Parque Ecológico Lago de Texcoco, no Estado do México. Ela disse que apesar de Trump ter sugerido a entrada de tropas como forma de cooperação, seu governo manteve uma postura firme acreditando que a defesa da soberania do país não comporta a entrada de militares estrangeiros em seu território.

— O território mexicano é inviolável, a soberania é inviolável, não se vende. A soberania se ama e se defende. Não é necessário [o envio das tropas americanas]. É possível colaborar, podemos trabalhar juntos, mas vocês em seu território e nós no nosso. Podemos compartilhar informações, mas jamais aceitaremos a presença do Exército dos EUA em nosso território — afirmou a presidente.

A líder mexicana disse ter feito uma contraproposta de "colaboração respeitosa" entre as duas nações, baseada no intercâmbio de informações e em ações coordenadas, afirmando também reconhecer a possibilidade de colaboração, desde que sem a submissão do México aos interesses americanos. Ela também mencionou ter pedido a Trump que interrompa o tráfico de armas na fronteira sul dos EUA, que alimenta o arsenal dos cartéis no país.

— Na ligação, eu disse que o México é grandioso e seu povo é muito valente. E disse: 'se quer nos ajudar, presidente, nos ajude a impedir que mais armas entrem dos EUA para o México' — afirmou.

'Cartéis terroristas'

Em um dos primeiros atos ao reassumir a Presidência dos EUA, Trump assinou um decreto em que equiparou grupos ligados ao tráfico internacional de drogas a organizações terroristas estrangeiras — medida que, segundo especialistas ouvidos pelo O Globo na época, permitiria ao governo americano importar para a América Latina alguns dos métodos utilizados na guerra ao terror no Oriente Médio, sendo um ponto particularmente preocupante a violação de soberania de países da região.

O Departamento de Estado americano ficou responsável por criar uma lista das organizações a serem equiparadas, anunciada cerca de um mês após o decreto. No texto, oito organizações foram listadas, sendo seis delas mexicanas: Cartel de Sinaloa, Cartel de Jelisco Nova Geração, Cartéis Unidos, Cartel do Nordeste, Clã do Golfo e a Família Michoacán.

Embora o tom atual do diálogo entre Trump e Sheinbaum tenha sido ameno, na época da assinatura do decreto, o presidente americano não descartou uma ação unilateral. Questionado em uma coletiva de imprensa durante o ato de assinatura, em janeiro, se a designação dos cartéis como grupos terroristas implicaria uma invasão do México, ele deixou em aberto.

— Pode acontecer. Coisas estranhas têm ocorrido — disse. (Com AFP)

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