Trump: o caso da demissão do ex-chefe do FBI, em 2017, repercutiu em todo o mundo (Kevin Lamarque/Reuters)
EFE
Publicado em 13 de abril de 2018 às 06h32.
Washington - Em suas memórias que ainda não foram reveladas, o ex-diretor do FBI, James Comey, compara a liderança exercida na Casa Branca pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o das organizações mafiosas que combateu em seus anos como promotor.
Veículos de imprensa americanos anteciparam na quinta-feria trechos destas memórias que estão no livro "A higher loyalty" ("Uma lealdade superior"), uma óbvia lembrança a "lealdade" que o ex-diretor do FBI assegura que Trump lhe exigiu antes de demiti-lo há quase um ano.
"O círculo silencioso de consentimento. O chefe em completo controle. Os juramentos de lealdade. A concepção do mundo de nós contra eles. A mentira sobre todas as coisas, grandes e pequenas, ao serviço de algum código de lealdade que coloca a organização acima da moralidade e da verdade", escreve Comey.
Tudo isso, assegura Comey, o remeteu ao passado, a sua "carreira como promotor contra a máfia" em Nova York.
No livro, Comey também relata uma obsessão do presidente com um polêmico relatório não verificado de um espião britânico, onde mostrou que em 2013, Trump contratou várias prostitutas russas em Moscou para protagonizar uma cena bizarra.
Segundo esse documento, Trump ordenou que as prostitutas urinassem nos colchões da própria suite presidencial do Hotel Ritz Carlton, onde o então presidente Barack Obama e a primeira-dama, Michelle, ficaram durante uma visita a Moscou.
O ex-diretor do FBI assegura em suas memórias que Trump lhe falou sobre este episódio das prostitutas e se referia como "a coisa da chuva dourada" em pelo menos quatro ocasiões ao longo do pouco mais de quatro meses de convivência.
Trump, segundo Comey, "negou as acusações, perguntando - de forma retórica, assumo - se ele parecia esse tipo de homem que necessita contratar prostitutas".
Ele também pediu ao FBI que investigasse o assunto para demonstrar que era falso, já que "ele estava preocupado que houvesse 'inclusive um 1% de possibilidade' que sua mulher, Melania, pensasse que era verdade".
No entanto, na última das conversas, Trump teria perguntado o que podia fazer para "dissipar a nuvem" de um escândalo que estava sendo "muito doloroso" para sua esposa.
A demissão de Comey foi bastante controversa, pois o ex-diretor da FBI liderava a investigação sobre a suposta ingerência da Rússia nas eleições presidenciais vencidas por Trump e a possível ligação da campanha do magnata e o Kremlin.
Após sua demissão, Comey disse que havia tomado notas de suas conversas com o presidente.