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Trump cogita candidatura independente e agita debate

No início do debate entre pré-candidatos republicanos, Trump foi o único a negar o apoio a outro candidato caso não seja indicado para concorrer à presidência


	O bilionário Donald Trump: "Não me comprometerei neste momento", disse Trump, sob vaias, dando a entender que concorreria como candidato independente
 (Daniel Acker/Bloomberg)

O bilionário Donald Trump: "Não me comprometerei neste momento", disse Trump, sob vaias, dando a entender que concorreria como candidato independente (Daniel Acker/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2015 às 10h31.

O magnata Donald Trump, líder nas pesquisas entre os pré-candidatos republicanos à Casa Branca, causou polêmica na noite desta quinta-feira ao admitir uma candidatura independente caso não receba a indicação do partido.

No início do debate na TV entre os dez principais pré-candidatos republicanos, em Cleveland, Trump foi o único a negar o apoio a outro candidato caso não seja indicado para concorrer à presidência.

"Não me comprometerei neste momento", disse Trump, sob vaias, dando a entender que concorreria como candidato independente.

A afirmação provocou uma brusca troca de farpas com o senador Rand Paul, que disparou: "você já está garantindo a sua indicação porque tem o costume de comprar políticos".

Ao que Trump respondeu: "é isso, já lhe dei muito dinheiro".

Sobre seus polêmicos comentários contra as mulheres, Trump disse que "o grande problema deste país é ser politicamente correto". "Sinceramente, não tenho tempo para a correção política total".

Trump inaugurou sua campanha, em junho, com uma incorreção política enorme, ao afirmar que entre os mexicanos que entram ilegalmente no país estão narcotraficantes, criminosos e estupradores, mas desde então está subindo nas pesquisas, e lidera entre os pré-candidatos republicanos com 24,3%.

O magnata do ramo imobiliário foi o principal alvo dos outros sete pré-candidatos republicanos, que participaram de um debate vespertino entre os menos "ranqueados" nas pesquisas.

Com 17 aspirantes republicanos na disputa, o canal Fox News dividiu o debate em dois, relegando os sete menos bem colocados nas pesquisas a um programa quatro horas antes do evento principal.

O estilo escancarado e improvisador de Trump pode ofender muitas pessoas, mas faz com que ele se destaque em um grupo de candidatos que furiosamente tentaram atrair o mesmo nível de atenção.

"Donald Trump tocou um nervo sensível neste país", afirmou o governador do Ohio, John Kasich.

O ex-governador da Flórida, Jeb Bush, filho e irmão de presidentes, insistiu mais uma vez que ele e suas políticas falam por si mesmos. "Vou ter de ganhar isso", assinalou.

Bush retomou seus comentários sobre os imigrantes que chegam ilegalmente ao país.

"Precisamos proteger as fronteiras, mas o problema migratório será resolvido de uma vez por todas se houver uma via para obter um status legalizado para os 11 milhões de sem documentos no país", afirmou.

Os candidatos, todos em busca de um momento para brilhar, voltaram suas armas na direção de Hillary Clinton, a principal pré-candidata presidencial do partido Democrata e ex-secretária de Estado de Obama.

"Se Hillary for a candidata, o que duvido, isso será um sonho tornado realidade", afirmou o neurocirurgião Ben Carson, o único negro no debate.

"Ela é o epítome do movimento progressista secular", afirmou, tentando apelar aos eleitores mais conservadores.

O presidente Barack Obama e Trump também foram alvos de ataques.

Eles denunciaram a condução por parte de Obama em relação ao grupo jihadista Estado Islâmico, prometeram duras medidas de imigração, se alinharam com os conservadores em temas sociais e enfatizaram que recusarão o acordo nuclear com o Irã no primeiro dia como presidente.

"Obama e Clinton estão trabalhando duro para trocar o sonho americano pelo pesadelo europeu", afirmou o governador de Louisiana, Bobby Jindal, um dos sete aspirantes que participaram na sessão vespertina.

Carly Fiorina, a ex-presidenta da Hewlett-Packard, acusou Trump de mudar de opinião toda hora.

"Mudou de opinião em relação à anistia migratória, seguro de saúde e aborto, e gostaria de perguntar a ele com que princípios governará", afirmou Fiorina, que se destacou entre os melhores participantes do primeiro debate.

Muitos, mas poucos conhecidos

"Temos uma corrida de verdade em nossas mãos", afirmou o presidente do Partido Republicano, Reince Priebus, à Fox News. Os democratas, em compensação, terão a 'coroação' de Clinton", acrescentou.

O Partido Republicano tem programados nove debates até fevereiro, e o próximo acontece no dia 16 de setembro.

São primárias presidenciais com mais candidatos de que se tem história, mas poucos são nomes conhecidos. Além de Bush e Trump, apenas o governador de Wisconsin, Scott Walker, e o ex-governador do Arkansas, Mike Huckabee, têm um destaque maior em termos nacionais.

A imigração é o tema favorito de Trump, que irritou muitos eleitores latinos quando descreveu os mexicanos que entraram ilegalmente no país como traficantes, criminosos e estupradores.

"Se não fosse por mim, não estariam sequer falando da imigração ilegal", protestou Trump logo no início do debate, reiterando sua promessa de construir um muro entre o México e os Estados Unidos para frear o fluxo de imigrantes.

Trump também se aborreceu com algumas perguntas, especialmente os comentários da mediadora Megyn Kelly, que recordou algumas declarações sexistas do magnata.

"Não eram sequer perguntas, eram declarações. Mas querem saber? Não importa. Eu respondi bem e estou muito contente. Acho que me saí bem e que foi um debate incrível", declarou aos jornalistas.

No evento prévio, Fiorina enfatizou que Trump lidera as pesquisas porque "explora a raiva".

O ex-governador do Texas, Rick Perry, por sua vez, acusou Trump de não ter credenciais conservadoras, recordando que há uma década o magnata apoiava um sistema universal de saúde, algo execrado pelos republicanos.

O senador Lindsey Graham dirigiu suas baterias a Hillary Clinton, afirmando que a ex-secretária de Estado "representa um terceiro mandato de uma presidência falida". "Se não mudarmos as políticas de Barack Obama, não conseguiremos impulsionar esta economia e jamais estaremos seguros".

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