Mundo

Trump chama Harvard de 'piada' e volta a dizer que universidade não merece financiamento federal

Declaração ocorre um dia depois da faculdade recusar as exigências da Casa Branca para fazer mudanças radicais nas práticas de governança, admissão e contratação

Trump intensifica pressão à Harvard  (Kevin Dietsch/AFP)

Trump intensifica pressão à Harvard (Kevin Dietsch/AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 16 de abril de 2025 às 13h21.

Última atualização em 16 de abril de 2025 às 13h22.

Tudo sobreDonald Trump
Saiba mais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou nesta quarta-feira seus ataques à Harvard, afirmando que a universidade é uma “piada” e que não merece mais receber recursos federais. A declaração acontece um dia depois da faculdade enfrentar o governo ao recusar as exigências da Casa Branca para fazer mudanças radicais nas práticas de governança, admissão e contratação. A recusa veio após o anúncio do governo sobre uma revisão de quase US$ 9 bilhões (cerca de R$ 50 bilhões) em contratos e subsídios federais destinados à instituição e suas afiliadas.

“Harvard não pode mais nem mesmo ser considerada um lugar decente de aprendizado e não deveria estar em nenhuma lista das melhores universidades do mundo”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social. “Harvard é uma piada, ensina ódio e estupidez, e não deveria estar recebendo financiamento federal”.

Após a universidade se negar acatar as exigências do governo, Trump, em represália, anunciou o congelamento de US$ 2,2 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões) de fundos federais e ameaçou retirar seus benefícios fiscais. As exigências para a manutenção do financiamento incluíam o desmantelamento de programas de diversidade, equidade e inclusão, a proibição de atletas transgêneros competirem em equipes femininas, reestruturação da governança universitária, além da revisão e mudanças em departamentos que "alimentam o assédio antissemita" e "acabam com a captura ideológica".

As medidas fazem parte de uma ofensiva mais ampla contra universidades americanas acusadas por Trump de promoverem o antissemitismo e a “doutrinação ideológica”. A pressão aumentou após protestos estudantis em diversos campi do país contra a guerra de Israel em Gaza.

Em carta enviada na segunda-feira a alunos e docentes, o presidente interino da universidade, Alan Garber, afirmou que a instituição “não abandonará sua independência ou seus direitos constitucionalmente garantidos”.

Primeira resistência aberta

A recusa marca a primeira resistência aberta de uma universidade de elite aos esforços do governo Trump, que tem intensificado a pressão sobre instituições americanas de ensino superior. A Universidade Columbia, centro dos protestos pró-palestinos no ano passado, foi o primeiro alvo, com US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) em financiamento cortados no mês passado, incluindo bolsas de pesquisa. Columbia, que ainda busca reverter a decisão, está em “diálogo ativo” com o governo.

Diferentemente de Columbia, Harvard, segundo o jornal americano Washington Post, tem enfrentado uma pressão da comunidade em Cambridge para resistir às exigências, com passeatas quase que diárias. Em editorial recente, o jornal estudantil Harvard Crimson afirmou: “Harvard deveria trabalhar com outras universidades para reagir, liderando a luta contra os ataques implacáveis ​​do governo Trump ao ensino superior”.

Na última sexta-feira, a Associação Americana de Professores Universitários (AAUP) e a filial de Harvard do grupo entraram com uma ação judicial, buscando impedir o governo Trump de "exigir que a Universidade Harvard restrinja a liberdade de expressão e reestruture suas operações principais" ou enfrente cortes de financiamento.

O governo Trump anunciou a formação de uma força-tarefa multidisciplinar que revisará mais de US$ 255 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) em contratos federais com Harvard e mais US$ 8,7 bilhões em subsídios plurianuais, para garantir que a escola esteja em conformidade com os regulamentos federais. A iniciativa faz parte dos esforços da Força-Tarefa Conjunta de Combate ao Antissemitismo, criada no ano passado após protestos contra a guerra entre Israel e Hamas, que investiga denúncias de discriminação e assédio de judeus em campi em todo o país.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpHarvard

Mais de Mundo

Alckmin vai ao Vaticano representar governo na missa de início de pontificado do Papa Leão XIV

Houthis pedem que Trump pare de apoiar Israel se quiser a paz no Oriente Médio

Biografia de Pepe Mujica: ele foi agricultor, preso político e presidente

Quem é Lucía Topolansky, mulher de Pepe Mujica