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Trump chama embaixador britânico de 'um cara muito estúpido'

Em resposta, chanceler do Reino Unido denuncia "comentários desrespeitosos e falsos" do presidente dos EUA

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Washington.  (Kevin Lamarque/Reuters)

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Washington. (Kevin Lamarque/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de julho de 2019 às 15h37.

O presidente Donald Trump chamou o embaixador britânico nos Estados Unidos de "um cara muito estúpido", nesta terça-feira (9), um dia depois de declarar que cortaria contatos com o diplomata, após um vazamento de informações descrevendo Trump como uma pessoa "incapaz".

Inicialmente, Trump reagiu de forma contida, após a publicação no sábado de vários telegramas diplomáticos. Neles, o embaixador britânico, Kim Darroch, criticava duramente o governo Trump e descrevia o clima na Casa Branca como caótico.

O tom mudou, porém, e as relações entre Washington e Londres se tensionaram neste momento delicado, em que o Reino Unido enfrenta a nomeação de um novo governo no final do mês e o futuro do Brexit.

Ontem, Trump anunciou que não terá mais contatos com o diplomata britânico, mas May reiterou seu apoio a seu enviado em Washington.

"O embaixador maluco que o Reino Unido impingiu aos Estados Unidos não é alguém que nos empolgue, é um cara muito estúpido", escreveu Trump em uma série de tuítes.

Em suas mensagens, o presidente deixou claro que não conhece Darroch, o que não o impediu de chamá-lo de "imbecil pretensioso".

"Digam a ele que os Estados Unidos têm a melhor economia e o melhor Exército do mundo, e que ambos estão se tornando os maiores, melhores e mais fortes (...) Obrigado, senhor presidente!", completou.

Londres tenta conter os danos dos vazamentos dos telegramas confidenciais enviados por Darroch, nos quais descreve Trump como "inepto" e classifica seu governo como "disfuncional", buscando restaurar "a relação especial" entre os dois aliados.

O magnata também atacou a primeira-ministra britânica, Theresa May, em relação ao Brexit. Sugeriu ao embaixador que fale "com seu país e com a primeira-ministra May sobre sua fracassada negociação sobre o Brexit".

"Disse a Theresa May como conseguir o acordo, mas seguiu seu próprio e ridículo caminho e foi incapaz de conclui-lo. Um desastre!", enfatizou.

- Investigação sobre vazamentos -

As comunicações de Darroch, que chegou à embaixada de Washington em janeiro de 2016, não estavam destinadas a serem publicadas, motivo pelo qual o governo britânico anunciou a abertura de uma investigação sobre o vazamento.

Estas revelações acontecem em um momento ruim para Londres, pressionada, em função do Brexit, a fechar um acordo de livre-comércio com Washington, seu aliado histórico. Esta semana, o ministro britânico do Comércio Internacional, Liam Fox, viaja aos Estados Unidos para trabalhar no acordo.

Londres defendeu Darroch e o elogiou como um profissional que cumpre suas funções, dando julgamentos sobre o governo do país em que se encontra instalado.

Em um tuíte publicado nesta terça, o ministro britânico das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, denunciou as declarações "desrespeitosas e falsas" de Trump sobre o Reino Unido e sobre sua primeira-ministra Theresa May.

"Os amigos de Donald Trump falam francamente, então também vou fazê-lo: esses comentários sobre nossa primeira-ministra e meu país são desrespeitosos e falsos", escreveu em resposta aos tuítes do presidente americano.

"Temos que descobrir como isso pôde acontecer. No mínimo para devolver a confiança às nossas equipes no mundo todo para que continuem nos dando avaliações sinceras", completou o chanceler britânico.

O jornal "The Daily Telegraph" disse que este tipo de mensagem diplomática pode ser enviada para um círculo de 100 pessoas que trabalham no Ministério das Relações Exteriores e em outros departamentos.

Londres busca determinar as motivações do vazamento a duas semanas da nomeação de um novo governo, enquanto as suspeitas apontam para o alto escalão conservador em disputada pelo poder.

Na briga para substituir May, o favorito é o ex-ministro britânico das Relações Exteriores Boris Johnson, mas Hunt também é um dos candidatos.

Quem ganhar a confiança do partido para liderar o governo poderá nomear o enviado para Washington em janeiro de 2020. É quando termina a missão de Darroch.

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