"Ou você faz acordo ou estamos fora", disse Trump a Zelensky (AFP)
Redatora
Publicado em 28 de fevereiro de 2025 às 14h51.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2025 às 17h11.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve uma discussão tensa com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, no Salão Oval da Casa Branca, nesta sexta-feira, 28. Trump acusou o presidente da Ucrânia de "brincar" com a vida de milhões de pessoas e com uma "Terceira Guerra Mundial".
Após 30 minutos de declarações à mídia, as tensões aumentaram quando o presidente dos EUA disse que Zelensky não estava em posição de ditar condições relacionadas à guerra. "Ou você faz acordo, ou estamos fora", disse Trump.
O vice-presidente americano, J.D. Vance, que também estava presente, chamou Zelensky de "desrespeitoso", durante o encontro acalorado. "Eu assinei um acordo para o cessar-fogo em 2019", falou o ucraniano, mas ele acusou Putin de violar os termos ao lançar a invasão de 2022.
"Ele não fez isso [o acordo para parar as hostilidades]. Que tipo de diplomacia você está tratando aqui?", falou Zelensky ao vice-presidente.
O norte-americano rebateu: "Eu acho desrespeitoso você vir ao Salão Oval e tentar contestar isso na frente da mídia dos EUA".
Volodymyr Zelensky disse nesta sexta-feira que nunca aceitará um simples cessar-fogo com a Rússia que não inclua garantias de segurança. Zelensky argumentou que o presidente russo, Vladimir Putin, "violou o cessar-fogo 25 vezes" e observou que "quando se trata de garantias de segurança, quando os europeus estiverem prontos para enviar tropas, eles precisarão do apoio dos Estados Unidos".
"Sabemos que a França e o Reino Unido já estão demonstrando seu apoio, e sabemos que a Europa está pronta, mas sem os Estados Unidos eles não estarão prontos para ter a força de que precisamos", explicou Zelensky, que ressaltou seu interesse em continuar recebendo suprimentos de defesa aérea de Washington, que ele descreveu como "os melhores do mundo".
No entanto, Trump evitou garantir que Washington forneceria o apoio militar que a Europa está exigindo para sua futura e hipotética presença na Ucrânia assim que um tratado de paz for assinado. Também não confirmou se daria mais apoio de armas a Kiev, insistindo que antes de falar sobre segurança a primeira coisa é assinar um tratado que ponha fim às hostilidades. O presidente ucraniano lembrou de episódios dramáticos envolvendo crianças do país.
"Vocês sabem que esse russo louco (referindo-se a Putin) vendeu 20.000 crianças ucranianas. Elas mudaram seus nomes, mudaram seus parentes. Queremos trazê-las de volta", disse ele.
Espera-se que Trump e Zelensky assinem um acordo nesta sexta-feira, segundo o qual a Ucrânia dividirá 50% das receitas obtidas com a exploração de seus recursos naturais como um passo preliminar para um pacto de paz com a Rússia.
Kiev descreveu a promessa como uma forma de financiar a reconstrução pós-guerra, enquanto Trump a descreveu como uma forma de compensar os bilhões de dólares que os Estados Unidos já gastaram em ajuda militar à Ucrânia.
No entanto, o pacto não inclui garantias concretas de segurança, algo que a Ucrânia e seus aliados europeus vêm exigindo de Washington diante do risco de um novo ataque russo.