Xi Jinping e Donald Trump: países devem prorrogar acordo por mais três meses. (Mikhail Svetlov/Getty Images)
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Publicado em 29 de julho de 2025 às 06h10.
O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou que uma extensão de 90 dias da trégua comercial com a China pode ser viável enquanto as negociações entre os dois países avançam em Estocolmo.
"É um desfecho provável? Claro, parece que sim, mas vamos deixar essa decisão para o presidente Trump", disse Lutnick em entrevista à Fox News nesta segunda-feira, 28. A declaração veio após reportagens apontarem que EUA e China estudam manter o acordo tarifário atual por mais três meses.
O comentário reforça as expectativas em torno da nova rodada de conversas liderada pelo vice-premiê chinês He Lifeng e pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. A reunião chegou a durar mais de 5 horas e os representantes saíram sem conversar com a imprensa. Novos debates estão previstos para acontecer nesta terça-feira, 29.
As discussões buscam evitar o fim da trégua comercial em 12 de agosto e garantir mais tempo para tratar de temas sensíveis, como as tarifas impostas por Donald Trump sobre o fentanil e as preocupações com a importação chinesa de petróleo russo e iraniano.
Enquanto as conversas com a China prosseguem, Trump deve anunciar até o fim da semana novas tarifas para mais de 150 países que não chegaram a um acordo com os EUA. As chamadas “tarifas recíprocas” estão previstas para entrar em vigor em 1º de agosto e incluem diversas economias que negociam para reduzir os encargos.
O presidente já começou a enviar cartas com taxas definidas unilateralmente e afirmou que países como Japão conseguiram cortes após oferecer novos acordos. Tóquio, que havia recebido uma tarifa de 25%, conseguiu baixar a taxa para 15%, incluindo exportações automotivas, em troca da criação de um fundo bilionário para investir nos EUA.
Segundo uma reportagem da Bloomberg, a Coreia do Sul também busca um acordo semelhante. Lutnick revelou que negociadores sul-coreanos voaram para a Escócia, onde Trump está em viagem, para apresentar uma proposta diretamente ao presidente. “Pense em quanto eles realmente querem fechar esse acordo”, comentou.
Apesar da proximidade dos prazos, Lutnick disse que Trump ainda está avaliando cada oferta. “Ele tem todas as cartas nas mãos”, afirmou. “Vai decidir quem vai abrir mais seus mercados e quanto cada um vai pagar.”
A extensão da trégua também está sendo analisada como uma oportunidade de um encontro presencial entre o presidente dos Estados Unidos e Xi Jinping, líder chinês. Segundo especialistas ouvidos pela Reuters, as tratativas em Estocolmo estão sendo vistas como um "passo preparatório" para que o encontro aconteça entre o fim de outubro e começo de novembro.
A agência internacional destacou uma apuração realizada pela Financial Times sobre como o governo norte-americano pausou as restrições de exportações tecnológicas sensíveis para viabilizar o encontro, visto como crucial para destravas temas mais profundos da disputa comercial, como o modelo econômico chinês e os controles de exportações dos EUA.
Até agora, as conversas foram limitadas sobre a redução das tarifas comerciais e reestabelecer o fluxo de exportações.