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Trump ataca críticos da demissão do chefe do FBI

Questionado brevemente pela imprensa no Salão Oval nesta quarta pela manhã, Trump disse que Comey "não fazia um bom trabalho"

Donald Trump: por ironia do destino, um dia após demitir Comey, o presidente americano recebeu na Casa Branca o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov (Kevin Lamarque/Reuters)

Donald Trump: por ironia do destino, um dia após demitir Comey, o presidente americano recebeu na Casa Branca o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov (Kevin Lamarque/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de maio de 2017 às 16h42.

O presidente Donald Trump respondeu as pessoas que o criticaram, nesta quarta-feira, por ter demitido o diretor do FBI, James Comey, enquanto os democratas insistiam em pedir uma investigação independente sobre a suposta ingerência russa nas últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos.

A decisão de Trump de demitir Comey na terça-feira provocou um terremoto político e fez com que imediatamente comparassem o caso com o escândalo de Watergate, que levou à renúncia de Richard Nixon em 1974.

Questionado brevemente pela imprensa no Salão Oval nesta quarta pela manhã, Trump disse que Comey "não fazia um bom trabalho. É muito simples, não fazia um bom trabalho".

Por ironia do destino, um dia após demitir Comey, o presidente americano recebeu na Casa Branca o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, que não visitava Washington desde 2013. A reunião foi qualificada por Trump como "muito boa" e antecipa a que tem prevista com seu homólogo Vladimir Putin, em julho, na Alemanha.

"O presidente Trump manifestou seu interesse em colocar em vigor as relações de trabalho pragmáticas e mutuamente benéficas" com a Rússia, declarou Lavrov, que tachou de "invenção" as alegações da ingerência russa nas eleições dos Estados Unidos.

Desculpas risíveis

Além disso, em uma série de sete tuítes, Trump multiplicou os ataques a seus críticos, entre eles o senador democrata Richard Blumenthal, que falou com as emissoras de televisão sobre uma "possível crise constitucional" e afirmou que as razões que deu ao governo para despedir Comey eram "risíveis".

Trump respondeu Blumenthal dizendo que ele deveria ser um dos investigados por "uma das maiores fraudes militares na história dos EUA" devido às polêmicas declarações que fez no passado sobre seu serviço militar durante a guerra do Vietnã.

A Casa Branca informou que já estava procurando um novo diretor para o FBI.

Durante a gestão de Comey, o FBI estava investigando se houve uma colusão entre o comitê de campanha de Trump e a Rússia para interferir no resultado das eleições a favor do candidato republicano.

O diretor do FBI incomodou ambos os partidos; primeiro os republicanos, por encerrar a investigação contra a candidata democrata Hillary Clinton. Depois, os próprios democratas ao reabrir essa mesma investigação dias antes da eleição presidencial.

Os democratas - e alguns republicanos - percebem na decisão de se livrar de Comey uma tentativa de pôr fim à investigação do FBI sobre as relações da equipe de Trump com funcionários russos de alto escalão, e exigiram que a mesma seja realizada daqui pra frente por uma comissão especial independente.

"Isto é 'nixoniano'", afirmou o senador por Vermont Patrick Leahy, que qualificou como "absurda" a justificativa oficial de Trump para demitir Comey.

"Essa explicação tenta tapar uma verdade indiscutível: o presidente demitiu o diretor do FBI em meio a uma das mais importantes investigações de Segurança Nacional na história de nosso país, e que envolve funcionários de alto escalão no comitê de campanha de Trump e em sua administração", disse Leahy.

O influente senador republicano John McCain disse estar "decepcionado" com a decisão de Trump, e pediu que uma comissão especial investigasse o papel da Rússia nas eleições do ano passado.

"Se a administração tinha objeções sobre a maneira que o diretor Comey geriu a investigação [Hillary] Clinton, elas já deveriam existir desde que assumiu as funções de presidente", acusou Chuck Schumer, chefe da minoria democrata no Senado, que suspeita da tentativa de obstruir as investigações.

Um papel excessivo

Os diretores do FBI são nomeados para períodos de 10 anos. Comey, de 56 anos, que é popular entre os agentes do organismo, foi nomeado há quatro.

Comey teve um papel excessivo - e controverso - no cenário político do ano passado, lançando uma "bomba" atrás da outra, e acabou incomodando líderes de ambos os partidos.

Hillary acusou James Comey de causar sua derrota contra Trump, argumentando que ao reabrir a investigações sobre seus e-mails pouco antes das eleições assustou os eleitores e cortou o seu momento.

Comey declarou diante dos legisladores na semana passada que sentiu "náuseas" ao pensar que influenciou na eleição ao reabrir a investigação, mas assegurou que não poderia ter tomado outra atitude.

Quando, em princípio, Trump decidiu manter Comey - que foi nomeado por Obama - em seu posto, isso levantou as críticas de quem viu neste gesto um prêmio por ter prejudicado Hillary.

Mas apenas poucos meses depois Comey parecia apontar para Trump e as relações entre seu comitê de campanha e a Rússia para influenciar as eleições presidenciais.

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