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Trump assina ordem executiva para retirar Estados Unidos da OMS

Republicano já havia tentado tomar a medida em seu primeiro mandato, durante a pandemia de covid-19; veja outras medidas

O presidente dos EUA, Donald Trump, e a primeira-dama dos EUA, Melania Trump, participam do desfile inaugural na Capital One Arena, em Washington, DC, em 20 de janeiro de 2025 (ANGELA WEISS /AFP)

O presidente dos EUA, Donald Trump, e a primeira-dama dos EUA, Melania Trump, participam do desfile inaugural na Capital One Arena, em Washington, DC, em 20 de janeiro de 2025 (ANGELA WEISS /AFP)

Luciano Pádua
Luciano Pádua

Editor de Macroeconomia

Publicado em 20 de janeiro de 2025 às 22h55.

Última atualização em 20 de janeiro de 2025 às 23h29.

Em meio à assinatura de dezenas de ordens executivas após retornar ao cargo de presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira, 20, Donald Trump assinou uma medida para retirar o país da Organização Mundial da Saúde (OMS). Todas as ordens executivas de Trump podem ser lidas aqui.

Ao assinar o documento no Salão Oval da Casa Branca, o republicano justificou a decisão ao criticar que os Estados Unidos contribuem com muito mais recursos do que a China para a OMS.

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Segundo o USA Today, a ordem executiva diz que a decisão de sair da organização se deu por causa da "má gestão da organização durante a pandemia de COVID-19, que surgiu em Wuhan, na China, e outras crises de saúde global, sua falha em adotar reformas urgentemente necessárias e sua incapacidade de demonstrar independência em relação à influência política inadequada de estados membros da OMS."

Ele já havia tentado deixar a organização durante seu primeiro mandato, em 2020, mas não conseguiu por causa da legislação dos EUA, que regula o cronograma para a retirada e as obrigações de financiamento com a agência.

"Eles (China) estavam pagando 39 milhões (de dólares). Nós pagávamos 500 milhões. Parecia um pouco injusto para mim", disse Trump segundo a agência espanhola EFE.

A OMS, relatou Trump, teria oferecido reduzir a contribuição dos Estados Unidos para que o país retornasse ao organismo, mas ele recusou.

"Queriam muito que voltássemos, então veremos o que acontece agora", disse nesta segunda-feira.

Dezenas de medidas no primeiro dia

A ordem executiva é uma dentre dezenas de outras assinadas por Trump neste primeiro dia de seu segundo mandato.

Nesta segunda-feira, ele revogou 78 decretos da administração de Joe Biden, incluindo um que, ao final, faz com que os EUA se retire do Acordo de Paris novamente.

Para apoiadores, Trump classificou os presos nos atos de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio como "reféns" e falou que iria soltá-los.

O republicano assinou o perdão presidencial para mais de 1.500 pessoas acusadas de conexão com o ataque ao Capitólio, incluindo perdões para a maioria dos réus e a comutação das sentenças de 14 membros das milícias Proud Boys e Oath Keepers, a maioria condenada por conspiração sediciosa.

Ainda na parte política, o republicano disse que vai acabar com a "censura imposta ao povo" e que acredita na liberdade de expressão.

Tarifas de 25% para Canadá e México?

Trump também disse  que pretende implementar, no próximo dia 1º de fevereiro, as tarifas de 25% que tem ameaçado impor contra México e Canadá.

"México e Canadá estão permitindo a entrada de um grande número de pessoas. O Canadá é um grande abusador. Entra um grande número de pessoas e fentanil. Acho que faremos isso no dia 1º de fevereiro", afirmou Trump na Casa Branca.

Nesta segunda-feira, membros de sua equipe adiantaram à imprensa que Trump revisaria as relações comerciais dos EUA com China, Canadá e México, mas sem anunciar oficialmente as tarifas.

Durante sua campanha eleitoral, Trump ameaçou Canadá e México — os dois parceiros dos EUA no tratado de comércio T-MEC — com tarifas de 25% como retaliação ao que o líder republicano chamou de fluxo de imigrantes ilegais e drogas que entram nos Estados Unidos a partir desses dois países.

Nesta segunda-feira, antes das declarações de Trump, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, demonstrou alívio ao perceber que o líder americano pretendia adiar a imposição das tarifas.

"Por enquanto", disse Trudeau, segundo a agência EFE, ao chegar ao Château Montebello, na província de Quebec, onde ocorreu a reunião com seu gabinete para discutir a chegada do republicano à Casa Branca e a estratégia do Canadá para tentar evitar as tarifas.

Imigração e emergência nacional na fronteira com o México

Entre outras medidas, Trump declarou emergência nacional na fronteira do país com o México. Mais cedo, em seu discurso no Congresso americano para tomar posse, ele foi enfático:

"Em primeiro lugar, declararei emergência na fronteira do Sul [dos EUA]. Todas as entradas ilegais serão impedidas e vamos começar o processo de retornar milhões de imigrantes ilegais de volta ao lugares de onde vieram", afirmou.

Segundo ele, voltará a vigorar uma política de seu mandato, a "Fique no México". "Acabarei com a prática de 'pegar e soltar'. E enviarei tropas para a fronteira para repelir a desastrosa invasão de nosso país", disse.

TikTok, a suspensão da suspensão

O novo presidente dos EUA também assinou uma ordem executiva para suspender a aplicação de uma proibição ao TikTok nos EUA por 75 dias.

A medida ocorre após a suspensão do serviço do TikTok nos EUA no domingo, 19. O aplicativo retomou seu funcionamento no domingo de forma rápida, embora Apple e Google ainda não tenham retornado o TikTok às suas lojas de aplicativos para download.

Empresas que facilitarem o uso do TikTok nos EUA – incluindo as lojas de aplicativos da Apple e Google, bem como provedores como Oracle e Akamai – enfrentam multas de até US$ 5.000 por usuário. “As penalidades para empresas como Apple e Google podem chegar a US$ 850 bilhões”, escreveu o senador Tom Cotton, republicano do Arkansas, no X na quinta-feira, ao se referir à lei TikTok dos EUA.

No Truth Social, Trump havia informado que emitiria a ordem em seu primeiro dia como presidente em segundo mandato para "fechar um acordo que proteja nossa segurança nacional".

"A ordem também confirmará que não haverá responsabilidade para qualquer empresa que ajudou a evitar que o TikTok saísse do ar antes da minha ordem", prometeu Trump.

Segundo a imprensa americana, porém, ainda não está claro se a ordem executiva de Trump pode realmente suspender temporariamente a aplicação da lei.

"Tenho o direito de vendê-lo ou fechá-lo", disse Trump no Salão Oval após assinar a ação executiva sobre a rede social nesta segunda-feira. "Talvez tenhamos que obter aprovação da China. Não tenho certeza. Mas tenho certeza de que eles vão aprovar."

E informou que sua administração trabalhará em "uma joint venture" entre os EUA e outras entidades não reveladas para controlar o TikTok.

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