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Trump assina decreto para enviar a Guarda Nacional para Memphis e cita 'níveis tremendos de crimes'

Cidade no estado do Tennessee é a terceira a receber militares e agentes federais, mas decisão não contou com o apoio inicial de autoridades locais

Agência o Globo
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Publicado em 15 de setembro de 2025 às 21h05.

Última atualização em 15 de setembro de 2025 às 21h15.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o envio da Guarda Nacional e de agentes federais para Memphis, no estado do Tennessee, sob alegação de agir contra o que chamou de “níveis tremendos de crimes violentos”, e que é um novo passo na estratégia da Casa Branca para assumir um protagonismo na aplicação da lei. Contudo, o envio das tropas, embora tenha sido requisitado pelo governador do estado, não conta com o apoio de boa parte das autoridades locais.

Ao assinar a ordem executiva, na Casa Branca, Trump afirmou que estava criando uma “força-tarefa” para enfrentar o crime na cidade, e que “tomará conta de tudo, passo a passo, assim como foi feito em DC”, se referindo ao controverso emprego de tropas nas ruas de Washington, capital dos EUA, há cerca de um mês.

Anteriormente, o governo federal empregou os militares para conter protestos contra sua política de imigração em Los Angeles, uma decisão considerada ilegal pela Justiça no começo do mês.

— É muito importante por causa da criminalidade que está acontecendo, não apenas em Memphis, mas em muitas cidades — disse Trump, sem informar quando começa a intervenção. — A força-tarefa será uma réplica dos nossos esforços extraordinariamente bem-sucedidos aqui [Washington], e vocês verão que é muito parecido.

No texto da ordem executiva, publicada no site da Casa Branca pouco depois da assinatura, o presidente aponta que “em 2024, Memphis teve a maior taxa de crimes violentos per capita, incluindo algumas das maiores taxas per capita de assassinato, roubo e agressão agravada, além de crimes contra a propriedade, como arrombamento, furto e roubo de veículos, no país”.

De acordo com estatísticas do FBI, Memphis registra 2.501 crimes violentos (incluindo homicídios e agressões) por cada grupo de 100 mil pessoas — embora as autoridades locais afirmem que os números têm registrado queda, eles estão, de fato, entre os maiores dos Estados Unidos.

Na ordem executiva, Trump destaca que serão empregados os serviços de 13 departamentos e agências federais, incluindo os departamentos do Tesouro, Defesa (ou da Guerra, como prefere o presidente), de Justiça e de Segurança Interna, além da mobilização da Guarda Nacional. Não foi fornecida uma data para que as tropas sigam para Memphis.

Entre as funções da força-tarefa, estão ações para apoiar as forças locais de segurança, além de medidas para aplicar “as leis migratórias” dos Estados Unidos, sugerindo que os agentes realizarão batidas mais frequentes contra estrangeiros na cidade, como aconteceu em Washington, considerada um balão de ensaio dos planos da Casa Branca. A intervenção, que inclui o emprego das tropas, vai durar o tempo "que o governador considerar necessário e apropriado".

Depois de ter sinalizado por semanas que poderia enviar tropas da Guarda Nacional para Chicago, uma cidade governada por democratas em um estado democrata (Illinois), Trump passou a defender uma presença maior do governo federal em Memphis. Diferentemente de Washington, o governador do Tennessee, Bill Lee, concordou com os militares nas ruas de sua segunda maior cidade — por outro lado, as autoridades do condado de Shelby, onde fica Memphis, e da prefeitura não pareceram empolgadas.

— Quero ser bem claro: não pedi a Guarda Nacional e não acredito que essa seja a maneira de reduzir a criminalidade. Contudo, essa decisão já parece ter sido tomada — afirmou no sábado o prefeito de Memphis, Paul Young, um dia depois de Trump anunciar, em entrevista, que mandaria militares à cidade.

Em entrevista à rede CNN, Young lembrou que a última vez em que a Guarda Nacional foi mobilizada para Memphis foi em 1968, logo após o assassinato do líder do movimento dos direitos civis, Martin Luther King Jr., em um hotel da cidade.

— Não queremos invocar essas mesmas imagens aqui — afirmou Young à CNN, reiterando que “não estava feliz” com a decisão da Casa Branca.

Para o deputado estadual Justin Pearson, democrata, "uma ocupação militarizada da nossa cidade não é uma solução para os problemas que temos”, como afirmou em entrevista coletiva pouco antes do anúncio de Trump, citando os problemas sociais enfrentados por Memphis, conhecida dento dos EUA como um hub de transporte de cargas e pela mansão de Graceland, onde viveu Elvis Presley.

— O que precisamos é da erradicação da pobreza, não de ocupação militar — disse Pearson. — Portanto, não tragam a Guarda Nacional. Nos deem os recursos de que precisamos para o nosso povo, para a nossa cidade, para o nosso condado.

Em conversa com jornalistas na Casa Branca, na qual se disse favorável a designar o movimento Antifa “como uma organização terrorista” (apesar do movimento ser um conjunto de grupos e organizações sem estrutura ou liderança definidas), o presidente não descartou ordens semelhantes para outras cidades americanas, e voltou a ameaçar Chicago.

— Se eles cooperarem, ótimo — disse Trump. — Se não cooperarem, não vai nos importar nem um pouco.

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