Donald Trump promete mudanças drásticas no comércio internacional, colocando a União Europeia na mira de sua política de tarifas. (Andrew Harnik/AFP)
Redator na Exame
Publicado em 20 de dezembro de 2024 às 07h20.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou sua postura agressiva em relação ao comércio internacional, ameaçando impor tarifas à União Europeia caso o bloco não amplie significativamente suas importações de petróleo e gás americanos. Em publicação na plataforma Truth Social, Trump destacou a necessidade de reduzir o déficit comercial que, segundo ele, prejudica a economia americana há décadas.
“Eu disse à União Europeia que eles devem compensar seu enorme déficit com os Estados Unidos por meio de compras em larga escala de nosso petróleo e gás”, afirmou Trump. “Caso contrário, serão TARIFAS por toda parte!!!”, completou.A proposta de Trump enfrenta barreiras práticas e estruturais, segundo análise da Reuters. A indústria de refino da Europa é controlada majoritariamente por empresas privadas e casas de negociação, que decidem suas compras com base em preços e eficiência, não sob influência direta de governos. Assim, mesmo com a pressão americana, as decisões de aquisição de petróleo e gás permanecem sujeitas às condições de mercado.
Atualmente, as exportações americanas de petróleo e gás para a Europa já ocorrem de maneira significativa, especialmente quando os preços e a logística favorecem os fornecedores dos EUA em comparação com concorrentes globais. No entanto, especialistas preveem uma queda no volume dessas exportações no início de 2025, após um recorde registrado em novembro, devido ao aumento das taxas de frete e à redução da atratividade econômica do transporte transatlântico.
A abordagem de Trump para equilibrar o déficit comercial não se limita à União Europeia. Ele já anunciou intenções de impor tarifas severas a grandes parceiros comerciais dos EUA, incluindo Canadá, México e China. Essa política tarifária, segundo Trump, visa punir países que acumulam superávits comerciais com os Estados Unidos e proteger setores estratégicos da economia americana.
Contudo, analistas alertam que medidas tarifárias amplas podem gerar tensões diplomáticas e retaliações, além de prejudicar consumidores americanos com o aumento de preços em produtos importados. O setor energético, em particular, pode enfrentar desafios adicionais caso o comércio internacional de petróleo e gás seja distorcido por políticas protecionistas.
Com Trump assumindo o cargo em 20 de janeiro, o cenário global de comércio energético pode mudar significativamente. A relação comercial entre Estados Unidos e União Europeia, especialmente no setor de energia, será um dos pontos críticos. Apesar das ameaças, a adoção de tarifas amplas ainda depende de negociações e decisões estratégicas do governo Trump, que podem ser influenciadas pela resposta de aliados e rivais comerciais.