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Trump ameaça 'erradicar' o Hamas se grupo não cumprir trégua com Israel

Presidente dos EUA endurece discurso antes da viagem do vice JD Vance à região para discutir cessar-fogo

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 21 de outubro de 2025 às 07h13.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou "erradicar" o movimento islamista Hamas caso não cumpra o acordo de trégua com Israel, pouco antes da viagem de seu vice-presidente JD Vance à região nesta terça-feira (21).

O governo Trump intensificou os esforços para consolidar a trégua após os ataques do fim de semana e os atrasos na entrega dos corpos dos reféns por parte do Hamas.

"Estabelecemos com o Hamas que eles serão muito bons, que vão se comportar. E se não o fizerem, vamos lá e vamos erradicá-los. Se necessário, serão erradicados", declarou Trump, principal promotor do acordo de cessar-fogo, na segunda-feira.

Apesar da violência do fim de semana, os dois lados afirmaram que apoiam a trégua. Israel confirmou a entrega dos restos mortais de outro refém, identificado como o suboficial Tal Haimi.

O Hamas devolveu treze dos 28 corpos de reféns que deveria entregar a Israel até, no máximo, 13 de outubro, setenta e duas horas após o início da trégua.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistiu em um comunicado que o Hamas deve entregar os cadáveres de todos os reféns para a implementação do acordo de cessar-fogo.

"Não vamos ceder neste ponto e não pouparemos esforços até que nos entreguem todos os reféns mortos", afirma o comunicado.

O Hamas insiste que precisa de mais tempo e assistência técnica para completar a recuperação dos corpos sob os escombros.

Acordo difícil

Após a visita na segunda-feira do enviado especial e do genro de Trump, Steve Witkoff e Jared Kushner, respectivamente, o vice-presidente americano deve desembarcar nesta terça-feira em Israel.

JD Vance conversará com Netanyahu sobre "duas coisas (...) os desafios de segurança que enfrentamos e as oportunidades diplomáticas que se apresentam", segundo o premiê israelense.

A trégua contempla a troca de reféns por prisioneiros e ideias ambiciosas para o futuro de Gaza. Mas a aplicação rapidamente apresentou desafios.

Israel efetuou dezenas de ataques no domingo em Gaza contra o Hamas, após a morte de dois soldados no sul do território.

Segundo a Defesa Civil de Gaza, pelo menos 45 pessoas morreram nos bombardeios israelenses.

Netanyahu acusou o Hamas de "flagrante violação" da trégua, o que o movimento palestino nega.

O emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al Thani, condenou nesta terça-feira "todas as violações e práticas israelenses na Palestina", em uma mensagem ao Legislativo de seu país.

Trump descartou a mobilização de tropas americanas contra o Hamas, mas assegurou que "Israel entraria em dois minutos se eu pedisse".

Segundo a Defesa Civil de Gaza, dirigida pelo Hamas, quatro pessoas morreram na segunda-feira atingidas por disparos israelenses na Cidade de Gaza.

O Exército de Israel afirmou que abriu fogo contra militantes que atravessaram a linha de trégua.

Segundo o plano de Trump, de vinte pontos, as forças israelenses recuaram e estão atrás da chamada "linha amarela", que as deixa no controle de metade de Gaza, incluindo suas fronteiras terrestres, mas não de suas principais cidades.

Resposta firme

Dadas as restrições impostas à imprensa em Gaza e as dificuldades de acesso ao território, a AFP não pode verificar de forma independente as informações divulgadas pelas diferentes partes.

O Exército israelense afirmou que, após os ataques de domingo, voltou a cumprir o cessar-fogo, mas que "responderá com firmeza a qualquer violação" da trégua.

Por sua vez, o Hamas acusou Israel de fabricar "pretextos" para retomar a guerra.

O conflito começou com o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.221 mortos do lado israelense, a maioria civis.

A ofensiva israelense em represália matou mais de 68.200 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde do território, que a ONU considera confiáveis.

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