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Trump afastará EUA da Europa e reforçará populismos, diz análise

Segundo o grupo Europe Vote Watch, a chegada de Trump à Casa Branca terá "um impacto negativo, no sentido que os EUA vão girar rumo ao isolamento"

Trump: "Não parece que as negociações do TTIP vão avançar nos próximos anos", disse o analista (Carlo Allegri / Reuters)

Trump: "Não parece que as negociações do TTIP vão avançar nos próximos anos", disse o analista (Carlo Allegri / Reuters)

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EFE

Publicado em 10 de novembro de 2016 às 15h59.

Última atualização em 10 de novembro de 2016 às 17h30.

Bruxelas, - A vitória do republicano Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos colocará o país em uma atitude de "isolamento frente à Europa" nos próximos meses e dará força aos populismos no velho continente, segundo o grupo Europe Vote Watch, especializado em análise política.

Seu fundador, Doru Francescu, declarou à Agência Efe que "embora seja preciso esperar" para avaliar sua evolução, a chegada de Trump à Casa Branca terá "um impacto negativo, no sentido que os Estados Unidos vão girar rumo ao isolamento, pelo menos nos primeiros dois anos" de mandato.

Segundo o analista, isto pode afetar dois aspectos-chave da política do país e a sua relação com a Europa: a segurança e o comércio.

"Os europeus têm que considerar a possibilidade que não vão estar sob o guarda-chuva de segurança proporcionado pelos Estados Unidos e terão que compensar isso", ressaltou.

Em relação ao comércio, a União Europeia (UE) olha com inquietação as negociações do tratado de livre-comércio e investimentos, o TTIP, encalhadas pela mudança de administração na Casa Branca e que poderiam ir por água abaixo agora com o protecionismo de Trump, que já mostrou suas reservas sobre o acordo.

"Não parece que as negociações do TTIP vão avançar nos próximos anos", disse o analista, que considera plausível "que se divida" o tratado em setores, para conseguir acordos parciais.

Nesse sentido, a própria Comissão Europeia reconheceu que o acordo entrará em um "pausa natural" após a eleição do republicano como presidente.

Tudo isso também pode redundar em uma posição mais frágil da Europa frente à Rússia e China, segundo Francescu, para quem a vitória de Trump tem ainda consequências no "jogo de poder".

"Podemos esperar um ressurgimento dos populistas na Europa no curto prazo. Será fácil para eles usar os americanos como exemplo e promover as visões de Trump como dominantes". Advertiu.

A vitória de Trump foi bem recebida, por exemplo, pela líder da Frente Nacional francesa, Marine le Pen, e pelo dirigente do britânico UKIP, Nigel Farage, que destacou, em seu perfil de Twitter, que o presidente americano eleito "entende" seus "valores pós-Brexit".

Perante a possível saída do Reino Unido da UE, pela qual os britânicos votaram no plebiscito do último dia 23 de junho, a relação transatlântica terá que ser redefinida e a vitória de Trump é o início de um novo ciclo.

"Estes dois fatores estão relacionados, já que o Reino Unido é a ponte com os Estados Unidos e os europeus vão ter de aprender a relacionar-se com o país sem os britânicos e sem os democratas (dos EUA), que tiveram sempre uma visão mais internacional e mais orientada ao multilateralismo", ressaltou.

A UE terá, em qualquer caso, que "envolver-se" com o governo Trump, dado que os Estados Unidos continuam sendo o principal parceiro da Europa.

"A UE não tem outra saída que tentar cooperar com a nova Administração americana", concluiu o analista.

A maioria de eurodeputados já alertaram para incerteza despertada por Trump, que não recebeu o apoio oficial do Partido Popular Europeu na convenção republicana, um fato sem precedentes.

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