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Trump abre nova trincheira em sua guerra contra redes sociais

A Casa Branca realizou hoje um evento sobre redes sociais e chamou os conservadores críticos ao Vale do Silício; empresas de tecnologia não foram convidadas

Donald Trump: Presidente dos Estados Unidos fala em novas regulações para empresas responsáveis por redes sociais (Leah Millis/Reuters)

Donald Trump: Presidente dos Estados Unidos fala em novas regulações para empresas responsáveis por redes sociais (Leah Millis/Reuters)

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AFP

Publicado em 11 de julho de 2019 às 17h32.

Em uma escalada de seus ataques dirigidos aos gigantes das redes sociais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insinuou, nesta quinta-feira (11), que imporá novas regulações sobre essas empresas.

As declarações de Trump coincidem com uma "cúpula" na Casa Branca sobre redes sociais, da qual participam representantes do conservadorismo mais crítico ao Vale do Silício, marcada pela notória ausência dos principais atores do setor tecnológico, como Facebook, Twitter e Google.

Para a "Cúpula sobre Mídia Social na Casa Branca", o presidente convidou militantes conservadores que compartilham sua visão de que as redes sociais discriminam as opiniões desse segmento político em suas plataformas e que as acusam de conluio com a esquerda.

"Um grande tema hoje na "White House Social Media Summit" será a tremenda desonestidade, parcialidade, discriminação (...) que algumas companhias praticam", escreveu Trump nesta quinta em sua conta no Twitter, onde tem mais de 60 milhões de seguidores.

Em meio às declarações de Trump, o setor teme que a Casa Branca tente eliminar o marco legal que protege os serviços on-line e os isenta de responsabilidade sobre conteúdos publicados por terceiros em suas plataformas.

Ativistas de direitos digitais advertiram que eliminar essa proteção - estabelecida em uma lei de 1996 - pode minar as proteções à liberdade de expressão e prejudicar o ecossistema da Internet.

Um movimento do governo nesse sentido configuraria uma violação da Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, garantidora da liberdade de expressão, segundo uma carta assinada por 27 organizações que defendem os direitos digitais e 50 especialistas jurídicos.

Em diferentes momentos, Trump acusou empresas como Facebook, Google e Twitter de discriminação contra ele e seus seguidores.

Intimidação?

A "cúpula" na Casa Branca acontece em um momento delicado para os gigantes americanos da tecnologia, acusados de censura pelos setores conservadores e de não fazerem o suficiente para erradicar de suas plataformas os conteúdos com mensagens de ódio.

Participam da reunião, por exemplo, o PragerU, que costuma publicar vídeos de uma perspectiva de direita, e o TurningPoint USA, uma organização que afirma que as universidades americanas são centros de "propaganda esquerdista".

As grandes empresas de internet são a ausência notável do encontro, negando, categoricamente, as acusações de parcialidade política.

"As companhias de internet não são tendenciosas em relação a qualquer ideologia política, e as vozes conservadoras - em particular - usaram as redes sociais com grande repercussão", disse Michael Beckerman, presidente da Internet Association, que inclui Twitter, Facebook, Google e Microsoft. "As companhias de Internet dependem da credibilidade dos usuários em todo o espectro político para crescer e ter sucesso", completou.

No mês passado, o Twitter anunciou que acrescentaria advertências a tuítes de funcionários e políticos que violarem as regras da plataforma, uma medida que pode ter impacto na prolífica atividade do presidente nessa rede social.

Já a Computer & Communications Industry Association (CCIA), um grupo que tem Facebook e Google entre seus membros, disse que o evento de quinta-feira na Casa Branca "parece desenhado para intimidar as companhias para que se inclinem a favor de quem quer que esteja organizando esta reunião".

"Nenhuma companhia deveria ser intimidada pelo governo para que deixe passar conteúdo censurável que viola as políticas dessa companhia", disse em um comunicado o presidente da CCIA, Ed Black.

Para o professor de Comunicação Adam Chiara, da Universidade de Hartford, a ausência das grandes plataformas sociais de Internet reduz a "cúpula" de Trump a um "festival de reclamações".

"Uma cúpula costuma envolver várias partes que falam sobre como chegar a uma meta, ou atingir certos objetivos. É difícil que Trump consiga fazer isso sem as megaplataformas sociais presentes", completou Chiara.

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