TRUMP E TRUDEAU EM ENCONTRO NO ANO PASSADO: Canadá não espera ser afetado por disputas americanas com o México / Leah Millis/Reuters
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2019 às 06h19.
Última atualização em 19 de junho de 2019 às 06h53.
Duas guerras comerciais dos Estados Unidos, contra China e México, estão entre as grandes preocupações da economia global. E ambas colocam no centro do palco um coadjuvante que pode ser decisivo: o Canadá, cujo primeiro-ministro, Justin Trudeau, viaja nesta quarta-feira, 19, ao país vizinho para se encontrar com o presidente americano, Donald Trump.
Trudeau tem dois assuntos a tratar com Trump, em reunião marcada para quinta-feira, 20. Primeiro, a assinatura do “novo Nafta”, nova versão do acordo comercial que inclui Canadá, EUA e México, os três países da América do Norte. O acordo está para ser ratificado pelos países nas próximas semanas, mas voltou a ser ameaçado após Trump dizer que imporia novas tarifas comerciais ao México caso os mexicanos não barrassem imigrantes vindos da América Central rumo aos EUA (por ora, o governo mexicano se comprometeu a melhorar a vigilância na fronteira e convenceu os americanos a desistirem das tarifas).
A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Chrystia Freeland, disse que o caso é um problema bilateral e que não afeta o Canadá. Os EUA são o maior parceiro comercial dos dois vizinhos, mas o México é o elo fraco do Nafta, vendendo mais do que compra. São 73 bilhões de dólares de déficit dos EUA com os mexicanos e 7 bilhões de superávit com os canadenses. Crítico histórico do Nafta, Trump prometeu assinar a nova versão do acordo, mas o tema ainda será pauta na reunião desta semana, com o Canadá esperando ouvir uma reafirmação do compromisso.
Nafta à parte, Trudeau também vai pedir ajuda de Trump para intermediar a soltura de dois canadenses presos na China (um diplomata e um empresário). As prisões foram feitas logo após o Canadá prender em dezembro a herdeira da empresa de tecnologia chinesa Huawei, Meng Wanzhou, a pedido dos Estados Unidos, que acusam a Huawei de espionagem.
Após a prisão de Wanzhou, um acordo entre EUA e China pareceu próximo, mas fracassou em abril. Depois disso, as tensões se intensificaram e os dois países aumentaram suas tarifas sobre importações. Em maio, a Huawei ainda sofreu outro golpe de Trump, sendo colocada numa lista de “empresas proibidas”, o que fez o Google, por exemplo, anunciar que vai parar em agosto de oferecer à chinesa o sistema operacional Android (o que já fez as vendas da Huawei fora da China caírem 40% em maio).
Neste cenário, será difícil para Trudeau convencer os americanos a pedirem qualquer favor aos chineses — e será difícil convencer os chineses a aceitarem qualquer pedido. Nas guerras de Trump, sobrou para o Canadá.