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Tropas israelenses na Faixa de Gaza -- há risco de "guerra total"

Moradores alertam para a radicalização de judeus e árabes, que se enfrentam nas ruas com paus, pedras e bombas caseiras; conflito já registra mais de 100 mortos

Bombas explodrem na Faixa de Gaza: Israel se prepara para invadir o local (afp/AFP)

Bombas explodrem na Faixa de Gaza: Israel se prepara para invadir o local (afp/AFP)

CA

Carla Aranha

Publicado em 13 de maio de 2021 às 17h49.

Última atualização em 14 de maio de 2021 às 07h55.

As forças armadas israelenses cruzaram nesta quinta, dia 13, a fronteira com a Faixa de Gaza, em uma ofensiva terrestre com tanques e artilharia. As tropas já estavam de prontidão na fronteira durante parte do dia. Os ataque aéreos foram intensificados. Embora as forças israelenses não tenham informado o número de militares envolvidos na operação ou seu escopo, não está descartado o risco de uma guerra mais abrangente.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez um pronunciamento nesta quinta, em rede nacional, no qual destacou a defesa do israelenses e a importância de conter os confrontos entre árabe e judeus que se desenrolam nas ruas de cidades como Tel Aviv.

Companhias aéreas americanas e de países europeus suspenderam os voos para Tel-Aviv. Nesta quinta, as sirenes que alertam sobre bombardeios soaram por toda a cidade. A região do aeroporto de Tel Aviv, o mais importante do país, foi alvo de cerca de 1.700 foguetes disparados a partir da Faixa de Gaza.

"É a primeira vez que acontece algo assim em Tel-Aviv, considerado um lugar mais protegido, no centro de Israel', diz Ido Guzman, de 27 anos, publicitário. "O mais preocupante, no entanto, são os confrontos nas ruas, algo que não se via antes. Parece que as pessoas estão se radicalizando".

Cerca de 1.750 foguetes foram disparados pelo grupo palestino Hamas contra Israel, a partir da Faixa de Gaza. Os israelenses responderam com mais bombardeios. Até agora, já morreram mais de 100 pessoas, a maioria palestinos.

O conflito começou no início da semana, depois que o Hamas lançou cinco foguetes contra Israel. O grupo disse que o ataque foi motivado por agressões da polícia israelense a árabes que protestavam contra o assentamento de colonos judeus na parte leste de Jerusalém. A polícia vinha reprimindo fortemente as manifestações.

"Esse conflito precisa ser olhado de vários ângulos", diz o britânico Simon Mabon, professor de relações internacionais da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, e especializado em Oriente Médio. "Israel vem dando prosseguimento à política de ocupação de casas e terras palestinas. Ao mesmo tempo, o Hamas e outros grupos disputam a liderança dos territórios ocupados. É um cenário complexo".

Nos últimos dias, grupos de judeus extremistas e árabes vêm se confrontando nas ruas. Políticos e líderes religiosos vêm pedindo publicamente o fim da violência, sem sucesso até o momento.

Nesta quinta, três mísseis foram disparados do Líbano em direção a Israel. Segundo as Forças Armadas israelenses, os foguetes caíram no Mediterrâneo. O governo libanês já prendeu os autores dos disparos.

 

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